Noutro dia, uma importante autoridade do Judiciário local mostrou uma visão interessante sobre o mundo político e as denúncias de corrupção. Essa autoridade diz que os políticos costumam esperar a chegada das campanhas eleitorais para fazer denúncias contra adversários, e quase sempre são motivados para obter ganhos eleitorais com os ataques aos adversários. Quando essas denúncias chegam ao Judiciário trazem consigo uma enorme desconfiança por parte dos julgadores, que até por quase sempre vem desacompanhas de provas convincentes. Por isso, muitas vezes vem essa sensação de impunidade. Parece assistir razoabilidade na visão dessa autoridade. Abordada por esse ângulo é convincente.
De qualquer forma, é preciso investigar por quais razões as denúncias de corrupção envolvendo políticos e governantes não são feitas com o mesmo vigor em períodos sem campanhas eleitorais. Não será por ineficiência e lerdeza na atuação dos órgãos de fiscalização e mesmo da Justiça? Será que, descrentes das instituições fiscalizadoras e julgadoras, as pessoas esperam chegar às eleições para denunciar malfeitores e colher, pelo menos, a punição política com a retirada de votos dessa gente? São reflexões úteis para entendermos por que é muito difícil pegar canalhas neste país.
ESTRANHOS 1A notícia divulgada ontem, dando conta de que uma decisão monocrática de um ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que manda o Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) considerar legal o pedido de registro da candidatura à Prefeitura Municipal de Iracema, de Jairo de Sousa – e, como total, mandar contar seus votos nas eleições municipais de 2016 – mostra como são, às vezes, estranhos os caminhos da Justiça tupiniquim. Com a decisão, em caráter liminar, Sousa deve assumir o cargo de prefeito de Iracema no lugar do delegado Francisco, diplomado para o posto por decisão do TRE-RR.
ESTRANHOS 2A estranheza causada pela decisão monocrática de um ministro do TSE – que aqui não tem a menor importância ter seu nome – e que provocará mudança na administração municipal de Iracema, vem em decorrência do fato (para os leigos incompreensivos) quanto à possibilidade de um único ministro, que nada conhece da realidade local, reformar decisões de um colegiado, o TRE-RR, tomada por maioria de votos de magistrados que estão muito mais capacitados para julgar o caso na sua inteira dimensão. E onde fica a segurança jurídica? Para lembrar um antigo programa de TV, só resta dizer: “Macaco só queria entender”.
PORTA-VOZTão logo saiu a decisão monocrática do TSE, que mudou o comando da Prefeitura Municipal de Iracema, o notório senador Romero Jucá (PMDB) ocupou as redes sociais para parabenizar o novo prefeito, Jairo de Sousa, apoiado por ele na eleição e garantiu ao povo daquele município que agora todos podiam contar com apoio. A insinuação dele – considerado manda-chuva nos cofres do Governo Federal- é de que transferências do Tesouro Federal são facilitadas quando a prefeitura é governada por aliados. Dá para entender por que o buraco das contas públicas continua aumentando?
CRISE? Uma leitora manda dizer, através da Parabólica, que a crise de que tanto se reclama em Roraima precisa ser mais bem avaliada. “Como imaginar crise, se nos últimos anos vários gigantes do comércio de departamento e do atacado/varejo, de dimensão nacional, vieram se instalar no Estado? Esta semana mesmo, mais um grande supermercado do comércio de atacado e varejo abriu as portas em Boa Vista. O mercado está tão competitivo que em cada saída rodoviária da Capital existe um gigante, quase sempre com ofertas variadas”, assim diz a nossa leitora. Têm razão, com a palavra os economistas de plantão.
ARTICULANDOSó ontem chegaram, à Parabólica, ecos do que aconteceu na Assembleia Legislativa de terça-feira, 28, durante a votação de quatro vetos feitos pela governadora Suely Campos (PP) a projetos de leis aprovados pelos deputados estaduais. Alguns parlamentares da base aliada governista trabalharam nos bastidores pela derrubada dos vetos. Um deles – a Coluna se reserva ao direto de não revelar o nome – era o mais atuante, e tudo indica que o fazia para atrair deputados do G-14 para barrar, mais adiante, uma matéria de interesse do governo. A coisa está complicada.
FESTEJOSAdiado desde a semana passada, por conta do falecimento de uma pioneira, os Festejos de São José, na antiga Vila Pereira, Surumu, vão ser realizados a partir de hoje, 30, e devem se prolongar até o dia 1º de abril, no próximo sábado. Realizados anualmente faz 71 anos, que esses festejos fazem parte da história de Roraima, hoje organizados pela comunidade local, e que deveriam receber maior estímulo governamental, especialmente do Estado. No sábado, o reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Jefferson Fernandes, que foi criado no Surumu, lança uma revista sobre aspectos históricos da localidade. Merece ser prestigiado.