JESSÉ SOUZA

Passado de crimes repugnantes que não pode mais continuar se repetindo

Crimes de pistolagem foram recorrentes ao longo da história de Roraima desde o tempo de Território (Foto: Divulgação)

Crimes políticos ou com envolvimento de políticos não são nenhuma novidade em Roraima desde o tempo de Território Federal. Foram vários e com um detalhe muito importante: boa parte deles nunca as autorias foram desvendadas, ficando na conta da impunidade que sempre reinou por essas bandas, o que contribuiu para a pistolagem nunca ser combatida como se deveria.

Um dos casos mais emblemáticos foi o do jornalista João Alencar, na década de 1980, que foi executado no Centro de Boa Vista sabidamente por criticar e denunciar os políticos poderosos da época. Nunca os autores ou os mandantes chegaram ser identificados e punidos. Com a impunidade reinando, a pistolagem sempre foi o recurso mais sórdido do banditismo dentro da política partidária roraimense desde o tempo dos coronéis de barranco.

Sob o manto da violência e de crimes bárbaros, o Estado de Roraima tem essa peculiaridade de mudar de escândalos do dia para noite. Até domingo à noite, a violência no trânsito, que tem ceifado vidas de forma rotineira, era o assunto dos debates. Mas rapidamente, já manhã seguinte, saiu de foco para dar vez a um crime de pistolagem cujo suspeito de ser o mandante é o ex-senador Telmário Mota.

O que a sociedade roraimense espera é que este rumoroso caso seja esclarecido e os culpados devidamente punidos, pois, independente de quem sejam os envolvidos, trata-se de um crime de pistolagem aos moldes dos que vêm sendo cometidos historicamente no Estado. Assim como no trânsito a impunidade incentiva que os crimes continuem sendo cometidos, nos casos de pistolagem a impunidade também permite que esse tipo de crime repugnante siga ocorrendo.

Foram vários os crimes de grande repercussão, além do caso João Alencar. Houve a execução do prefeito Silvio Leite, do empresário Luizinho da Agropecuária, do advogado Paulo Coelho, do auditor fiscal Nestor Leal e do não menos emblemático caso do empresário de táxi aéreo Chico da Meta. Todos vítimas da pistolagem aos moldes antigos, em que a forma de agir se repete nos dias atuais até mesmo com pessoas anônimas.

Enquanto a opinião pública espera o desenrolar de mais um caso, o que a sociedade almeja é que se dê um basta nesta violência que começou com os coronéis do passado e que segue até hoje com o envolvimento dos neocoronéis, sejam eles da política ou da elite econômica local. Roraima não pode mais permitir que esse tipo de crime covarde e cruel caia na vala comum da impunidade.

*Colunista

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