Vem do Chile o exemplo sobre como as autoridades brasileiras já deveriam ter tratado os bandidos venezuelanos que estão em presídios condenados por crimes violentos, tráfico de drogas, porte ilegal de armas e participação em facções criminosas, especialmente no Estado de Roraima.
Um acordo bilateral e de colaboração policial entre os governos dos presidentes chileno, Gabriel Boric, e venezuelano, Nicolás Maduro, possibilitou que o Chile já enviasse 146 bandidos venezuelanos para Caracas neste ano em voos comerciais regulares fretados.
É louvável que Roraima esteja de portas abertas, com ajuda da Operação Acolhida, para os venezuelanos que chegam de seu país fugindo da crise e da fome em busca de socorro e um recomeço. No entanto, ajuda humanitária não pode ser confundida com libertinagem.
Não é mais razoável tolerar que o dinheiro de nossos impostos esteja sendo usado para sustentar bandidos estrangeiros no sistema prisional, já superlotado e com os infindáveis problemas que o país enfrenta, além de possibilitar que os laços criminosos se fortaleçam.
O Chile tomou uma atitude e foi buscar entendimento com o país venezuelano. E passou da hora de o Brasil também buscar uma saída diplomática que beneficie Roraima, que vem assumido o pesado ônus de uma migração desordenada há vários anos, com a chegada diária de mais imigrantes que atravessam a fronteira brasileira sempre aberta.
O Estado mais pobre do Brasil paga um preço alto para não sucumbir à crise migratória que se intensifica cada vez mais, diante de abrigos que não suportam mais estrangeiros, principalmente porque os bandidos venezuelanos descobriram as fronteiras escancaradas e acharam facilidades para se aliar ao crime organizado brasileiro, cujas facões atuam em Roraima.
A mesma facção venezuelana Trem de Aragua, que atemoriza não apenas o Chile, mas também Peru, Equador, Bolívia e possivelmente Estados Unidos, tem seus tentáculos em terras roraimenses, conforme relatório do Ministério Público de Roraima (MPRR), agindo em sociedade com o crime organizado local no tráfico de droga e de armas, além da atuação no garimpo ilegal.
Outra facção venezuelana atua em solo roraimense, conforme operação policial realizada em outubro de 2019, quando 30 venezuelanos foram presos, em Pacaraima, Norte do Estado, na fronteira com a Venezuela, por estarem traficando drogas junto com uma facção brasileira. Os elementos pertenciam à facção venezuelana Pranato.
Boa parte da criminalidade que se abate sobre Boa Vista, com corpos decapitados ou esquartejados e desovados nas áreas centrais ou no entorno da cidade, é praticada por grupo criminoso estrangeiro. E isso pôde ser confirmado em outubro de 2021, por uma operação da Polícia Civil chamada “Cuchillo”. Onze venezuelanos e um brasileiro foram presos por envolvimento em uma organização criminosa venezuelana com núcleo em Boa Vista.
Todos eram acusados de matar cinco venezuelanos em acerto de conta por dívidas pequenas com o tráfico de drogas (R$ 10,00). Como parte dos membros dessa facção ainda explorava mulheres para a prostituição, uma das vítimas foi morta por não pagar por um programa sexual. Os abrigos são circundados por criminosos, que não apenas recrutam jovens para atuação no crime, como também impõem suas leis.
Os bandidos submetem os patrícios que chegam sem quaisquer perspectivas submissos às suas determinações, imperando a lei do silêncio ou a morte como retaliação aos que não se enquadram, servindo como recado aos demais e aos traidores. A venda de droga, assaltos, estupros e aliciamento de adolescentes para a prostituição são suas atuações conhecidas de outros tempos.
Em 2019, quando a criminalidade do país vizinho começou a avançar sobre Roraima junto com a intensificação da migração, naquele ano foi apreendida pela primeira vez um fuzil nas mãos de bandidos, arma traficada da Venezuela. Até aquele momento, não havia armas de grosso calibre circulando em poder da bandidagem no Estado.
Os bandidos venezuelanos são um risco para a Segurança Pública roraimense, já enredada com seus graves problemas, por isso a necessidade de expulsar os presos estrangeiros para que sejam assumidos por Caracas. Se não há provas suficientes para incriminá-los, que os expulsem por estarem ilegais no país.
Basta vontade política do governo brasileiro, que deveria estar sendo pressionado pela bancada roraimense em Brasília, que se mostra inócua e desfocada dos grandes problemas roraimenses.
*Colunista