Pedaladas e circoDefinitivamente, não dá mais para entender o Brasil depois das últimas decisões políticas e judiciais. A cassação da presidente Dilma Rousseff foi um caso que até hoje ninguém conseguiu entender direito, pois ela foi arrastada para fora do cargo sob o clamor popular que a acusava de corrupção, porém todo o processo foi baseado em provas contábeis por causa das chamadas “pedaladas fiscais”.
O impeachment foi um caso tão esquisito a ponto de tirarem Dilma do poder, mas mantiveram seus direitos políticos, ou seja, uma forma de compensá-la pela perda do mandato por uma “pedalada” que era (ou é) cometida pela maioria dos governantes brasileiros. Corrupção mesmo, nunca provaram nada contra ela.
Mais recentemente, o processo do pedido de cassação da chapa Dilma/Temer foi outro caso, esse na esfera da Justiça Eleitoral, que mostra o jogo de interesse político influenciando nas decisões judicias entre os membros da mais alta Corte judicial do Brasil.
O ministro Gilmar Mendes mostrou claramente sua posição política ao defender o presidente Michel Temer, alegando que estava agindo em nome da estabilidade política do país, que na opinião dele ficaria com a imagem internacional arranhada por colocar presidentes para fora a todo momento.
O detalhe importante nesse episódio é que Temer está atolado nos casos de corrupção com os demais envolvidos na Operação Lava Jato, com direito a vídeo e áudio. Porém, o bom advogado Gilmar Mendes fez de tudo para que não fossem aceitas as provas de um esquema de propina para alimentar a campanha eleitoral da chapa Dilma/Temer.
Não há como analisar esses fatos sem afirmar que a bandalheira generalizada passeia entre a política e a Justiça. Como conceber uma presidente cassada, mas com seus direitos políticos mantidos? Como enxergar um membro da mais alta Corte judicial que não aceita que provas de corrupção sejam aceitas para cassar um presidente sabidamente envolvido em corrupção?
É desalentador acompanhar diariamente os noticiários sobre a política e perceber que, a qualquer momento, a Justiça poderá ir mandar para casa – com ou sem tornozeleira – os políticos corruptos. O juiz Sérgio Moro, por exemplo, não viu nenhum crime a mulher de Eduardo Cunha movimentar milhões em sua conta no exterior.
E assim é o Brasil da bandalheira. O eleitor elege os safados e a Justiça libera os corruptos. E vamos esperar 2018… Afinal, é ano da Copa do Mundo… Circo para o povo! *[email protected]: www.roraimadefato.com/main