Jessé Souza

Pesos e medidas 2390

Pesos e medidasNão precisava ter uma bola de cristal porque estava muito óbvio. Depois que o festejado juiz Moro divulgou os grampos telefônicos de Lula com a presidente Dilma, alegando que o fato era de interesse público, parece que a Justiça não entende desta forma quando o caso se trata de outros políticos igualmente envolvidos não apenas no caso da Lava Jato, mas com outros escândalos.

Advogados, magistrados e outros seres da esfera judicial, que aplaudiram e vibraram com a divulgação do grampo, não têm o mesmo entendimento nem a mesma festa quando se trata de divulgar processos envolvendo parlamentares de outros partidos que não seja o PT.

Não há a mesma medida quanto se trata de levar ao conhecimento da opinião pública os casos de corrupção envolvendo parlamentares de todos os níveis, inclusive em processos que não estejam sob segredo de Justiça. O precedente foi aberto com a autoridade máxima do país, incendiando o Brasil por meio da Globo, mas isso não está mais valendo para os demais.

Desde a abertura democrática no País, o Judiciário tem se fechado para não divulgar casos envolvendo políticos, alegando presunção de inocência, decretando sigilo, impedindo o acesso da imprensa a processos ou simplesmente se negando a informar, fechando-se como um cofre.

Com o caso do juiz Moro, achava-se que o código da “caixa preta” dos processos judiciais havia sido quebrado. Ledo engano. Isso comprova a existência de “dois pesos e duas medidas” quando se trata de investigar corruptos neste País, livrando do monitoramento da opinião pública políticos sabidamente corruptos que vêm se livrando das acusações, ao longo das décadas, graças à lentidão do Judiciário, ao impedimento da divulgação dos fatos e ao conluio com a grande imprensa, com destaque à Globo.

Será difícil limpar o País, como se ilude muita gente, enquanto a Justiça continuar desta forma, agindo de maneira célere apenas contra uns, liberando grampos somente de quem interessa e impedindo acesso a informações de processos de casos que se arrastam há anos ou décadas, principalmente de partidos como o PMDB e PSDB, além dos seus aliados.

É necessário passar o Brasil a limpo em todos os níveis, e não apenas com um partido ou um único segmento político. Daqui a pouco, pune-se somente alguns, dá-se justificativa à opinião pública e alegra-se quem acha que o mal resume-se a uma sigla. Porém, vão deixar livre os demais corruptos que de longa dadas vêm afundando o Brasil.

*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main