Jessé Souza
Poco e o desavergonhamento 16 12 2014 403
Poço e o desavergonhamento Jessé Souza* O ano de 2014 não poderia terminar de outra forma: com uma denúncia de corrupção no Governo de Roraima em nível internacional. O pagamento de propina foi confirmado pela empresa norte-americana, que confessou o caso em troca de uma pena mais leve. Isso significa que há muito o quê se discutir em relação à veracidade dos fatos, pois a corrupção ocorreu. Mas esse é apenas um dos casos que atravessou fronteiras e só foi descoberto porque a legislação funciona nos Estados Unidos. Outros casos continuam ocultos, muito embora haja investigações por parte do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Ministério Público, com especial destaque ao setor de saúde. Quem precisa de atendimento público no Estado está comendo o pão que o diabo amassou, nos hospitais e na única maternidade. Chegamos ao fundo do poço. Ou melhor, o povo está no fundo do poço, enquanto os que se locupletaram do bem público ficaram ricos do dia para noite, como se mágica fosse. Não há mais como aceitar que o Estado de Roraima seja tratado desta forma por aqueles que foram eleitos e são muito bem pagos para administrar o patrimônio público. Chegamos a um nível vergonhoso, em que cofres públicos se tornaram cofres da casa da Mãe Joana. Já que os legislativos mostram-se ineficientes para fiscalizar, resta à sociedade acreditar nos órgãos fiscalizadores para que ao menos botem um freio na esculhambação geral dos desvios de recursos que deveriam estar salvando vidas, alimentando crianças nas escolas ou garantindo a segurança da população. Os maus administradores públicos perderam a vergonha e foram os responsáveis por lançar a população em um dos piores governos da história, com os serviços públicos sucateados, o governo endividado e o risco de não ter dinheiro para pagar os servidores em dia. As campanhas eleitorais endinheiradas são um dos exemplos sobre onde vai parar o dinheiro que é desviado dos cofres públicos, pois essa grana usada para comprar votos e para gastar em peças publicitárias milionárias não cai do céu nem é trazida de outro planeta. Os sinais de riqueza ostentados por muitos políticos também são outro indicativo da destinação do dinheiro que sumiu dos hospitais públicos, os quais não conseguem mais realizar cirurgias eletivas por falta de material e medicamentos. O ano finda mediante uma corrupção generalizada, que atingiu quase todos os setores do governo. E a esperança da sociedade é que, em 2015, esse quadro comece a ser revertido, brecando o desmando, apontando quem foram os responsáveis pela corrupção e buscando reaver aquilo que foi desviado do dinheiro do contribuinte. A impunidade não pode mais alimentar a corrupção. *Jornalista [email protected]