Jessé Souza
Pragas e expectativas 30 12 2014 451
Pragas e expectativas Jessé Souza* O ano de 2014 não foi bom para o Estado de Roraima – isso se referindo ao povo, ao cidadão que paga impostos e que constitucionalmente têm direito a serviços públicos gratuitos e de qualidade na saúde, educação e segurança. Se houve, não faz muito tempo, a “praga dos gafanhotos”, com certeza este foi o período da “praga dos cupins” que terminara por corroer o Estado até o osso. Vamos encerrar o ano com mais um governador cassado pela Justiça Eleitoral, Chico Rodrigues (PSB), que herdou uma administração das mãos de outro governador cassado, Anchieta Júnior (PSDB). Sendo assim, os dois ficarão para a história com os governantes que terminaram seus mandatos sob liminar judicial. No Legislativo, o enredo não será bem diferente. A Assembleia Legislativa, também corroída por cupins, encerrará esta legislatura como a pior de todas as administrações, com salários dos servidores pagos com atraso e uma dívida milionária, sob o comando do deputado Chico Guerra (Pros), que teve seu registro de candidatura cassado pela Justiça Eleitoral, com base na Lei Ficha Limpa, e correu até o último instante para conseguir uma liminar. Além do olhar sobre esse quadro político caótico, estamos assistindo a um setor de segurança pública falido, acossado por criminosos que montam seus escritórios nos presídios igualmente falidos, administrado por um sistema prisional na base do susto e do esforço de servidores públicos e policiais que sabem que o Estado depende exclusivamente de suas ações quase isoladas para que seja mantido o mínimo de organização. Na saúde, os hospitais estão falidos também, graças à sanha corrupta daqueles que sugaram os recursos públicos que deveriam estar sendo aplicados para salvar vidas e garantir um atendimento digno à população que precisa de atendimento médico. Na educação, os transportes escolares tiveram que parar o serviço para que o governo começasse a pagar o que devia. Os estudantes tiveram que ir para as ruas protestar e ainda foram chamados de “macacos de auditório” por um deputado quando estavam na galeria da Assembleia Legislativa cobrar melhores condições de ensino. O novo governo que irá assumir herdará uma administração endividada e largada ao caos, o que significa que não se pode esperar por muitas mudanças no ano de 2015, pelo menos em curto prazo. O próximo ano deverá ser de reconstrução e de tentar recuperar o que foi corroído pelos cupins nos últimos oito anos. Esperanças restam se todas as lições básicas forem seguidas pelo novo governo, como zelo pelo bem público, austeridade para colocar tudo nos trilhos e reconstruir o que foi destruído. O Estado só não resistirá se uma nova praga se abater sobre o bem público outra vez ou se pragas do passado, como a dos gafanhotos, retornarem. Então, que venha 2015, o ano que será de muitas dúvidas! *Jornalista [email protected]