JESSÉ SOUZA

Precárias pontes de madeira representam riscos a turistas e moradores de Amajari

Precárias pontes de madeira representam riscos a turistas e moradores de Amajari

Enquanto os olhos da opinião pública estão voltados para a morte de uma turista no desabamento de parte do teto de uma igreja histórica em Salvador (BA), em Roraima os turistas que se deslocam para o principal ponto turístico do Estado, a Serra do Tepequém,  se deparam com precárias pontes de madeira que colocam a vida de todos em risco, no Município do Amajari.

São 10 pontes de madeira ao longo dos cerca de 100 Km da RR-203, que vai do entroncamento com o trecho norte da BR-174, na Comunidade Três Corações, até a Vila do Paiva, sede do Distrito Tepequém. A maioria delas apresenta situação de alerta, com os problemas se ampliando com o tráfego pesado a partir do ano passado, quando começaram as obras do complexo turístico em Tepequém.

Defesa Civil Municipal do Amajari fez vistoria da ponte na semana passada após denúncia de moradores (Foto: Simone Raposo Miranda)

O problema é de conhecimento de todos, da população e das autoridades, uma vez que denúncias se intensificaram no fim do ano passado, quando buracos na madeira do estrado foram disfarçados com pedaços de compensado. Em uma dessas pontes, o compensado não resistiu por muito tempo e, às vésperas da eleição municipal, a Prefeitura de Amajari se viu obrigada a substituir as peças de madeiras estragadas após denúncia de moradores diante do iminente risco de acidentes.

A ponte sobre o Igarapé do Paiva, na chegada à sede de Tepequém, há tempos precisa de manutenção, o que vem sendo alertado por moradores, a ponto de a Defesa Civil Municipal ter feito uma inspeção na semana passada. É visível observar o afundamento de uma parte da ponte, assim como o deslocamento das pranchas, o que evidencia comprometimento de pilares de sustentação. Com o tráfego constante de tratores, caçambas com massa asfáltica e carretas com materiais pesados, os riscos são evidentes.

Outras pontes estão em condições semelhantes, inclusive um vereador do Amajari, William Felix, esta semana fez um vídeo denunciando a situação de uma delas, a ponte do Tucumã, citando nominalmente autoridades municipais e estaduais, inclusive o vice-governador Edson Damião, que recentemente esteve na região e não tocou no assunto. Logo, as autoridades não podem alegar que desconhecem o fato.

A importância das pontes não diz respeito somente ao turismo, mas é imprescindível para os moradores e pequenos produtores que se deslocam por todo o Amajari, em especial quem mora nas vilas Trairão, Bom Jesus e Ametista, localizadas nas imediações de Tepequém. As vias também são usadas por pecuaristas e piscicultores. Não custa lembrar, Amajari é o maior produtor de tambaqui.

Nas pontes onde a estrutura não está comprometida, as pranchas de madeira dos estrados estão deterioradas, com registros de acidentes com motociclistas e prejuízos a donos de veículos, pois existem pontas de pregos e ferros de amarração à mostra. São constantes as reclamações de visitantes e moradores nos últimos anos, sem que nada seja feito para solucionar os problemas.

Aliás, no ano passado, foi feita uma reforma em algumas pontes pela Prefeitura do Amajari, mas os fatos mostraram que apenas a pintura da madeira foi realizada, a ponto da estrutura do Igarapé do Balde ter cedido em seguida, revelando que tudo se resumiu a pinceladas de tinta. A obra, cuja placa indicava o custo de mais de R$650 mil, teve que ser refeita para substituir os pilares e toda estrutura de madeira. O assunto foi tratado aqui, no artigo intitulado “Desespero de pequenos pecuaristas e o caso da reforma de uma ponte que só recebeu uma pintura”, em 22.03.24.

A solução definitiva é a construção de pontes de concretos. No entanto, se as autoridades não se interessam sequer por manutenções preventivas das estruturas de madeira, significa que não existe vontade política para correr atrás de recursos e parcerias a fim de dar um basta nas precárias pontes. Afinal, o turismo não está na lista das prioridades dos políticos. Talvez possa ocorrer alguma iniciativa quando uma dessas pontes desabar e provocar uma tragédia com moradores, turistas ou trabalhadores.

*Colunista

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