AFONSO RODRIGUES

Precisei de ajuda

“Sem a ajuda dos outros, jamais dinamizamos a nossa evolução pessoal”. (Waldo Vieira)

Você nem imagina o quanto necessitei de ajuda, num período mais agitado, na tentativa de me encontrar. Em mil novecentos e sessenta, tentei me firmar em Mato Grosso. Depois de uma tentativa frustrada lá, tive que sair de Barra do Bugre e voltar para o Rio de Janeiro. E foi aí que fiquei um dia inteirinho, das seis da manhã às sete da noite, perdido na mata, sem saber para onde estava indo. E acabei dormindo no Casarão Mal-assombrado. Vinte anos depois, encontrei-me perdido nas matas de Roraima, mas sem me perder na mata. Até que em oitenta e dois, consegui me assentar na Confiança I, no Cantá. E pelas lutas sofridas, consegui me assentar com toda a família em quatro lotes na Confiança. E foi aí que me senti verdadeiramente um agricultor, capaz de ser agricultor apenas praticante. E só você lendo o Livro O Caçador de Marimbondos, vai entender a luta renhida para justificar a retirada da família do Rio de Janeiro para a mata da Confiança. Mas foi uma aventura gratificante e que nos enriqueceu com experiências nunca imaginadas.

As histórias contadas no livro são verdadeiras, e me fazem feliz, o suficiente para encarar com racionalidade, os trancos sofridos, atualmente, com a invasão dos lotes, recentemente. Mas, deixa isso pra lá e vamos falar dos bens que vivemos e distribuímos à época. Atualmente ando afastado dos amigos daquela época e vizinhos que me ajudaram muito, sobretudo com orientações para um agricultor que não entendia nada de agricultura. E uma das histórias mirabolantes foi a morte do porquinho Caruncho. Ele era um já maduro, mas desse tamanhinho. Aí resolvemos matá-lo para o almoço do fim de semana. Foi o maior rebu. Depois eu conto. Mas o que mais me chamou atenção hoje, foi minha plantação de melão. Era uma área considerável. Quando o melão já deveria estar no ponto de colheita, nem sequer nascia.

Preocupado, resolvi pedir socorro a um agricultor experiente e grande amigo, LAURO WELTER. Amigo prestativo, ele aproveitou o fim de semana e foi verificar o problema, por que seria que o melão não brotava e estava crescendo para cima. Ele chegou e fomos para a plantação. Fiquei observando, enquanto o Lauro caminhava de cá para lá e de lá para cá. Observei que havia alguma coisa esquisita no seu comportamento. Mas fiquei na minha até que ele chegou, pôs a mão no meu ombro, e falou, no que percebi, meio encabulado:

– Meu amigo… lamento muito, mas isso não é melão, é pepino.

Não consegui conter o riso. E como já nos conhecíamos, rimos muito. Pense nisso.

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