Preço e Valor
As pessoas esquecem que devem ser reconhecidas pelos seus melhores atributos, características que, nem sempre, se precificam
Poucas pessoas entendem a dinâmica da diferença que existe entre 50 gramas de grãos de café torrados; passado por um sachê de café moído com o mesmo peso, embalado a vácuo; por uma xicara de café pedida em um aeroporto e chegando a um copo de café da Starbucks. Uma variação que vai facilmente orbitar em um intervalo de R$ 1,00 até R$ R$ 25,00. As pessoas estão acostumadas a valorizar MARCAS o que nos remete a um tema já abordado por aqui que é a LÓGICA DO ARTISTA que fala da execução de nossas tarefas com excelência.
Para facilitar mais ainda o entendimento da diferença VALOR e PREÇO, vamos a um exemplo bem simples. Dois postos de combustível, localizados no mesmo cruzamento, separados apenas por uma avenida, da mesma bandeira e praticando o mesmo preço do litro da gasolina, mas tem movimentos completamente diferentes. A pergunta lógica é a seguinte: o que leva você a escolher um posto e não o outro, já que suas características são similares? Pode parecer um questionamento fácil de responder, mas muita gente irá responder automaticamente sem perceber que as suas respostas já estão contempladas, como por exemplo: preço, proximidade, facilidade de acesso e produto confiável (em função da bandeira do posto). Quando aprofundamos e observamos os detalhes vamos entender melhor a nossa decisão. Escolho o posto que quando chego identifico um quadro de colaboradores motivados, com sorriso nos olhos, bem uniformizados, preocupados, em mais do que meu abastecimento, preocupados com o nível da água e do óleo do meu carro e para completar, ainda me oferecem água, suco ou um cafezinho quente.
Então para o entendimento de valor, vou escolher o posto que pelo mesmo preço me entrega mais, o posto que se preocupa comigo como pessoa e não apenas como cliente, o posto que sonha com o meu retorno e não aquele que acha que foi apenas uma transação comercial. Valor é isso, é o intangível, é o percebido pela nossa emoção e não apenas pela razão. É o que faz a diferença na vida das pessoas.
Parece que esse tema se aplica basicamente ao meio corporativo, o mundo business, as grandes empresas, mas na verdade isso se aplica a vida. Vamos trazer isso para o lado profissional. A qualificação sempre foi e sempre será o que dará mais oportunidades a quem buscá-las de forma ética e responsável. Há um tempo, as pessoas tinham mais acesso as oportunidades quando apresentavam um currículo com vários diplomas, certificados e títulos e mais títulos, o que os levava as melhores remunerações no mercado. Passavam-se semanas ou meses e a empresa entrava em “parafuso” ao não compreender o baixo desempenho na função contratada. As empresas precisaram entender que a seleção não estava apenas na “quantidade do saber”, mas sim em “saber o que fazer com o que se sabe”. As empresas descobriram que a métrica de qualificação estava cada vez mais igual, portanto, cargos e salários sendo ocupados cada vez mais por pessoas mais iguais (teoricamente) e esqueceram de avaliar se as pessoas tinham um atributo básico: RESPEITO AS PESSOAS. O mercado e as pessoas não lembrarão de você pelo que você coleciona de diplomas ou títulos e sim pela forma como você tratou uma equipe ou subordinados a você na busca de resultados.
Não existe resultado pleno, sem que ele seja comemorado e compartilhados entre as pessoas que ajudaram a alcançá-lo. Não existe sucesso egoísta, não existe sucesso sem inovação e não existe sucesso sem respeito as pessoas.
O que vai diferenciar um profissional do outro, também será o intangível, algo que só será percebido com a observação dos detalhes, do comportamento, da personalidade e do caráter das pessoas. A quantidade de diplomas e certificados podem dar a alguém o melhor salário a curto prazo, mas as suas melhores características, que não estarão descritas nas páginas de um currículo, vão garantir ao profissional o crescimento sustentável, o reconhecimento e a certeza de um mercado todo estar de olho nele para desafios e remunerações cada vez maiores.
É importante destacar que normalmente as marcas ou profissionais, com maior “valor agregado”, são aqueles que não resumem a vida a dinheiro. São empresas que não deixam um minuto de ter como grande ativo os clientes internos e externos, que apostam nas novas experiências com os clientes e que aceitam tudo, menos a insatisfação de um cliente. Já os profissionais que têm VALOR são os que se empenham, entregam sempre mais do que foi contratado, que se desafiam todos os dias e não aceitam nada menos do que a excelência, mesmo sendo humanos e sujeitos a erros.
Pode parecer um mundo utópico, mas não é. As empresas e profissionais que estão preocupados única e exclusivamente com valores monetários vivem na ZONA DE CONFORTO, são muito iguais, sem ambições responsáveis, sonham pouco e acham que o mundo não precisa de ATITUDE. Já as empresas e profissionais que vivem na ZONA MÁGICA, esses sim, estão ali ocupando espaços, sendo criativos, mas tendo a capacidade de colocar em prática suas ideias e projetos com olhar da inovação e nessa zona mágica estão as melhores oportunidades e as melhores remunerações.
Não resuma a vida a dinheiro, deixando claro que tenho plena consciência da importância da remuneração em nossas vidas, porém quando você olha para a remuneração como algo que é a troca do que você faz por algumas notas de dinheiro, você deixou de lado sua capacidade de sonhar, de buscar cada vez mais o crescimento e a vontade de ser melhor, ser referência, mas acima de tudo ser valorizado pelo que você é e não pelo que você tem e as vezes nem sabe usar.
Faça a diferença sempre, não se acomode, não deixe que as outras pessoas decidam o seu futuro, não terceirize sentimentos ou destino e faça sempre mais e você será sempre visto, lembrado e valorizado.
Por: Weber Negreiros