A sede da vila do Projeto de Assentamento Bom Jesus, no Município de Amajari, exibe um vergonhoso exemplo de irresponsabilidade administrativa e má aplicação de recursos públicos: um prédio abandonado que começou a ser construído há oitos anos da Unidade Básica de Saúde (UBS) e que se deteriora com a ação do tempo, enquanto a comunidade aguarda uma atitude das autoridades para que não se torne uma ruína irrecuperável.
O prédio começou a ser construído em 15 de outubro de 2015 e já está na terceira gestão, esta última que não se preocupa em sequer cuidar para que o local não se deteriore ainda mais, com as portas de madeira sendo devoradas por cupins, o forro de PVC desabando e a ação do tempo agindo. A atual gestão municipal, recentemente, apenas mandou o roçar o matagal que já avançava para dentro do prédio.
O prédio da UBS estava praticamente concluído, inclusive com instalação elétrica, faltando apenas alguns retoques de acabamento para que os equipamentos fossem finalmente instalados e para que a unidade de saúde fosse entregue à comunidade. Mas foi abandonado ao descaso e hoje serve de um vergonhoso monumento do descaso na única via da vila, em frente a um campo de futebol.
As 486 famílias que vivem em Bom Jesus abriram mão do terreno que estava destinado para a construção de uma escola padrão e decidiram que a Prefeitura de Amajari construísse a UBS na área. Hoje precisam se contentar com um pequeno prédio do posto de saúde onde faltam medicamentos e que sequer tem médico para atender. O médico era o mesmo da Vila Tepequém, que se demitiu e deixou a população daquela região desassistida.
O que chama atenção do prédio abandonado da UBS de Bom Jesus é que não há informações sobre a obra, o que favorece o descaso com o bem público sob a omissão dos órgãos de controle e do silêncio dos políticos que estão no comando da gestão municipal. Como as autoridades não andam por lá quando não precisam pedir votos, então é bem provável que o prédio se torne uma ruína em pouco tempo.
A comunidade prefere o silêncio não por omissão, mas por medo de represálias políticas, pois quem se atreve a criticar acaba sendo perseguido, a exemplo de próprios servidores da área de saúde que já foram demitidos por emitirem opinião contra a gestão municipal. E isso tem contribuído para ocultar o flagrante descaso om o prédio inacabado da UBS.
Há uma urgente necessidade para que os órgãos de controle ajam com rapidez afim de evitar que aquele prédio entre para a lista de obras inacabadas que se tornaram ruína, assim como ocorre em várias localidades do interior de Roraima. É preciso que se cobrem as responsabilidades. Alguém precisa responder por este descaso com o bem público. Não dá mais para fingir que ninguém está vendo.
*Colunista
