JESSÉ SOUZA

Projeção populacional do IBGE conclama a sair da mesmice política e falsas promessas

População do Estado de Roraima chegará a 1.083.393 de habitantes no ano de 2063, conforme previsões do IBGE (Imagem: Divulgação)

As primeiras projeções populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas na quinta-feira passada, 22, indicam que os cidadãos roraimenses precisam fugir da caixinha da mesmice política para que comecem a se preocupar verdadeiramente com o futuro próximo em termos de desenvolvimento do Estado diante do crescimento populacional que está por vir.

Conforme os dados do IBGE,  Roraima deverá atingir sua população máxima de 1.083.393 de habitantes no ano de 2063, ou seja, daqui a 39 anos. Estima-se que somente depois disso é que o número de pessoas diminua, quando, junto com Santa Catarina, o Estado de Roraima vai começar a registrar queda populacional a partir de 2064. Por sua vez, o Brasil deve atingir sua população máxima de 220.425.299 habitantes em 2041.

Diante dos fatos, é preciso que os cidadãos estejam atentos e preparados para as próximas quatro décadas a fim de que esse crescimento populacional não traga mais sofrimentos do que já passamos com as mazelas que vêm de seguidos governos, além de um quadro preocupante do avanço da criminalidade resultante ainda do garimpo, que reuniu o narcotráfico e outros tipos de crimes que facilmente se desenvolvem na ausência do poder público.

Significa que é necessário fugir dos imediatismos na política, cujas iscas são lançadas por aqueles que só visam seus grupos, e pensar em lideranças com postura de estadistas, que enxergam lá na frente, planejando o desenvolvimento. O Estado ainda padece de coisas mais básicas, como apagões constantes de internet, energia elétrica e até mesmo no sistema de abastecimento de água, com mais frequência no interior do Estado.

Não há como exemplificar a letargia, descaso e desprezo da política partidária com o crescimento do Estado sem falar da única maternidade pública de Roraima, que há27 anos foi local do maior escândalo nacional devido às mortes de bebês, mas que desde lá segue como única maternidade pública em Roraima, hoje funcionando debaixo de lona enquanto a reforma do prédio está em conclusão há três anos.

Chegamos ao limite com a migração venezuelana desordenada, nos últimos anos, abrindo todas as feridas que os serviços públicos escondiam e expondo como os políticos nunca se preocuparam em estruturar Roraima para um futuro próximo. E agora estamos caminhando para o crescimento populacional nas próximas décadas precisando urgentemente de uma matriz energética confiável, cuja previsão de interligação com o sistema nacional a partir de setembro de 2025, depois de décadas de mentiras em seguidos governos.

Os roraimenses cresceram ouvindo promessas de desenvolvimento que nunca ocorreram, cuja principal era o asfaltamento da BR-174 que iria interligar Roraima com o Caribe. Com a falência recente da Venezuela, que fazia parte dos planos e ajudou no inchaço populacional de Roraima, os olhares estão voltados para a Guiana, a nova meca do desenvolvimento na fala dos políticos.

No entanto, não há mais espaço para promessas e experimentos na política roraimense, cujos coronéis continuam na mesmice do atraso, beneficiando os seus e sem pensar no real desenvolvimento do Estado, mantendo as mesmas picuinhas que beneficiam somente o atraso. Não podemos perder esse novo bonde (para usar uma frase arcaica), sob o risco de, lá na frente, nos encontrarmos com o aumento da pobreza e da desigualdade social,  enquanto os ricos seguirão mais ricos, apostando e investindo na mesmice.

*Colunista

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