Jessé Souza
Quando a escola falha 19 05 2015 1003
Quando a escola falha… – Jessé Souza* O marco é vergonhoso para um Estado que precisa de Educação formal com base para o seu desenvolvimento: foram cinco anos sem nenhuma reforma nas 382 escolas públicas estaduais. Não foi à toa que, ao iniciar o ano letivo em janeiro, a comunidade escolar encontrou muitos prédios deteriorados, literalmente caindo aos pedaços. Isso é o lado visível da degradação do setor. Os problemas são muito mais: falta de professores, cujo problema é remendado com seletivos anuais, merenda escolar deficiente, transporte escolar em dívida com as empresas, trabalhadores em educação cobrando seus direitos e outros problemas que vão do uso eleitoreiro da Educação a loteamento de cargos. Na educação municipal, os fatos são outros, porém não menos importantes. Por lá, houve no ano passado uma licitação milionária para compra de fardamento escolar “inteligente” que nunca chegaram a funcionar e a contratação de uma metodologia enlatada, além do pouco número de escolas da educação infantil. Se as famílias estão falhando na educação de seus filhos e os governos não conseguem transmitir o conhecimento com qualidade, é claro que os problemas logo surgem. Enquanto muitos adolescentes estão entrando para o tráfico de droga cada vez mais cedo, as crianças desde tenra idade estão largadas ao ócio e à permissividade por falta de vaga nas creches. Com crianças fora da creche, adolescentes aliciados por traficantes e sistema prisional que não ressocializa ninguém, é óbvio que a criminalidade vai aumentar e sem perspectiva de se mudar esse quadro. A prevenção contra a criminalidade começa com vagas na educação infantil, para que as crianças não fiquem largadas desde cedo. E mais: se os governos não conseguem sequer reformar prédios de escola nem conseguem entregar fardamento, fica evidente que não há prioridade para o setor educacional, que vai além de prédios e fardas bonitos. Ou seja, se nem da fachada os governantes estão conseguindo dar conta, é de se imaginar como vai o investimento nos setores onde ninguém consegue enxergar, como a qualidade do ensino. Não se pode mais conceber um ensino em que o governo trata escolas como “comitê eleitoral” em tempos de campanha política e com desleixo quando as campanhas eleitorais passam. Muito menos pode-se tolerar governantes que fazem da escola apenas como mais uma forma de conseguir dinheiro de maneira desonesta. A educação é um bem imensurável para qualquer sociedade, por isso ela não pode ser tratada como se fosse um setor qualquer. Não vamos vencer nossos principais problemas enquanto escolas estiverem caindo os pedaços. Quando a escola torna-se um local desinteressante e desconfortável para crianças e adolescentes, as drogas irão vencer sempre. * [email protected]