Quantas vidas serão necessárias para que o trânsito seja adotado como prioridade? Jessé Souza*
Depois da morte de um cinegrafista de uma TV local, recentemente, e de vários acidentes, finalmente foi instalado um semáforo no cruzamento das avenidas Santos Dumont e Benjamim Constant, no bairro São Pedro. Mas, quantas vidas mais irão custar para que nossas autoridades adotem o trânsito como um dos principais desafios do Estado?
Na semana passada, outra morte de um conhecido, o médico e ex-deputado federal Alceste Madeira, desta vez no trecho sul da BR-174, serviu para explicitar ainda mais essa urgente necessidade de se ter o trânsito como prioridade das ações.
Na Capital, temos um legislativo municipal desconectado dessas necessidades prioritárias, o que significa que eles precisam sair dessa zona morta e passem a realmente trabalhar, uma vez que uma das ações que marcou os vereadores da Câmara neste ano foi o aumento dos próprios salários.
São várias as frentes de desafio, além do despertar dos vereadores, da melhoria da sinalização e engenharia de trânsito, como também campanhas para que se faça o condutor a assumir suas culpas e responsabilidades, adoção urgente de um programa de mobilidade para preparar a Capital para o futuro que está por vir diante do aumento da frota de veículos e crescimento populacional.
Não se tratam de desafios novos. Os problemas estão aí há um certo tempo em uma cidade com ruas largas no Centro e poucas vias arteriais garantindo o fluxo de trânsito entre os bairros mais populosos e as áreas centrais, onde estão os principais órgãos públicos e centros comerciais que atraem um grande público.
Com relação ao trânsito entre a Capital e interior, a rodovia que liga Boa Vista e o Município do Alto Alegre, a RR-205, se tornou uma estrada da morte, com constantes acidentes com mortes. E os desafios começam logo na saída da cidade, onde a falta de engenharia de trânsito um pouco mais inteligência provoca uma confusão no tráfego.
Ao longo dos trajetos, faltam sinalizações horizontais e verticais, sobram curvas perigosas em uma estrada sem acostamento e precisando urgentemente de uma duplicação para que se pare a matança de pessoas devido à imprudência e as péssimas condições daquela rodovia.
São vários os exemplos que precisam ser melhorados no trânsito boa-vistense e nas rodovias em geral. Mas, se as autoridades assumirem as responsabilidades para estes problemas mais urgentes, apontados neste artigo, muitas vidas conseguirão ser salvas em um momento de pandemia em que o grande desafio é continuar vivo.
O que não se pode mais é o poder público ficar inerte, com os gestores brigando por serem adversários políticos, e as autoridades não querendo assumir suas responsabilidades, preferindo ficar culpando o condutor sem que tomem a atitude de encar os problemas.
Afinal, quando a população sente a fragilidade do poder público ou a ausência de ações, os infratores logo sentem-se livres para agir. Não adianta só querer cobrar do condutor se o poder público está falhando.
*Colunista