Quanto pior…
A inércia do Governo Federal, que tem como líder o senador Romero Jucá (MDB), é a principal culpada pela situação dos venezuelanos em Roraima ter chegado a esse nível. Além dessa má vontade em agir, pode ser creditado na conta do grupo político do senador, que é o presidente nacional do partido de Michel Temer, o anúncio feito pela sua aliada, prefeita Teresa Surita (MDB), de que a Prefeitura de Boa Vista iria pagar o “aluguel solidário” para os venezuelanos, que seria de R$700,00 a R$1.200,00.
Os venezuelanos já estavam chegando em grande número à Boa Vista, mas a repercussão do anúncio da prefeita animou mais ainda os estrangeiros a deixarem tudo para trás, tentando fugir da fome e apostando em um recomeço de vida no Brasil. Como a Prefeitura se omitiu em agir, inclusive se recusando a alimentar as crianças que estão no abrigo, e o Governo Federal se fingiu de morto, a situação chegou a um nível insustentável.
A solidariedade do povo roraimense foi essencial para aliviar a situação crítica dos estrangeiros. O Governo do Estado, por sua vez, demorou um pouco, mas decidiu assumir a sua parte no acolhimento e no atendimento aos imigrantes, inclusive com responsabilidades que seriam da prefeita da Capital. Com mais estrangeiros chegando, em um êxodo sem precedentes, alcançamos essa realidade atual, a qual ninguém sabe aonde vai parar.
Mas o fato é que o Governo Federal, com seu líder Jucá fazendo silêncio e sua aliada Teresa alegando que não tem recursos, continua no corpo mole, sem assumir a condução de uma ação mais enérgica e eficiente na força-tarefa para acudir os estrangeiros. E o ônus quem paga é o povo roraimense, que sente na pele a ausência do poder público.
O ataque que os venezuelanos sofreram no Município de Mucajaí, a primeira cidade depois de Boa Vista rumo ao Estado do Amazonas, é consequência da ausência do Governo Federal, que já deveria ter uma política de geração de emprego naquela região, em parceria com a Prefeitura, por meio da agricultura, empregando não só os estrangeiros, mas também a população local.
Mas parece que as lideranças locais do Governo Federal, mais precisamente do MDB, optam pela política do “quanto pior, melhor”, pois há tempos que eles deixam a situação ficar crítica em Roraima para depois agirem como se fossem os “salvadores de Pátria”. E são estes mesmos atores que agora querem acumular o poder total no Estado. E os venezuelanos são apenas um dos instrumentos dessa política do “quanto pior”.
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