Jessé Souza

Que pais 2099

Que país!

Esse momento de transição por qual o Brasil passa, a partir da Operação Lava Jato, tem provocado uma profunda reflexão sobre que país queremos a partir de agora. E isso significa que essa faxina não fique somente na política. É preciso que a sociedade também passe por uma faxina moral sem precedentes, pois é essa mesma sociedade que permite que políticos corruptos cheguem ao poder.

A banda Legião Urbana, comandada por Renato Russo, já exclamava na década de 80: “Que país é esse!”. Essa exclamação, esse susto sobre o que era o Brasil, foi difundida por seus fãs, pelo público e pelas gravadoras como uma indagação: “Que país é esse?”, como se não soubéssemos.

E viemos nos indagando diante dos seguidos escândalos e bandalheira geral da Nação ao longo desses anos. Então, agora precisamos avançar mais um pouco. A indignação precisa passar do susto e do questionamento em tom de letargia para outra pergunta crucial com disposição de mudança: “Que país queremos?”.

A década de 80, com a explosão das bandas de rock a partir de Brasília, cumpriu muito bem esse papel que transitou da rebeldia para conscientização política de um país que mal acabara de sair da ditadura para experimentar uma democracia com liberdade vigiada.

Atravessamos um longo calvário político, com fortes oligarquias encrustada no poder até os dias atuais. Cada município e Estado passou toda sua trajetória, desde a abertura democrática, enviando para o Congresso Nacional os políticos que hoje estão se enlambuzando com a corrupção, enraizada nos redutos eleitorais dos coronéis da política partidária por todo o país.

Isso significa que não basta a Operação Lava Jato fazer a faxina moral lá em cima, em Brasília, se toda a estrutura está viciada, aqui em baixo, pela politicalha que elege os mesmos canalhas no velho esquema de “raposa cuidando do galinheiro”. Então, precisamos de um Lava Jato moral do cidadão em cada Estado e em cada município.

Não vamos mudar o Brasil se o eleitor não mudar, se não parar de enviar para o Congresso os mesmos corruptos que sustentam o propinoduto da Petrobrás e de outros esquemas que minam os recursos públicos que deveriam estar sendo usados para melhorar a vida dos brasileiros.

O país não vai mudar se o brasileiro ficar cobrando ética e moralização na política se ele mesmo continuar agindo de forma sórdida. E essa sordidez é o que mais se vê em Roraima: gente atacando políticos, mas sem escrúpulo em suas vidas públicas também. É como se fosse o sujo falando do mal lavado. Isso precisa mudar. A desratização tem que passar também pelo cidadão. Afinal, que país queremos mesmo?

*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main