Jessé Souza
Que se dane 29 05 2015 1049
Que se dane! – Jessé Souza* Vez por outra, surgem postagens indignadas com posicionamentos de internautas que fazem críticas à infraestrutura de Roraima, de uma forma geral – da conexão da internet à falta de locais de lazer. Alguns forasteiros são injustos e infelizes em seus comentários, porém não escreveram nenhuma inverdade. Apenas são duros e secos com esta terra que acolhe a todos. Porém, não vejo motivo para mobilizar uma onda de indignação e protesto contra quem aqui chegou e não gostou. É natural o estranhamento de quem é acostumado com a “selva de pedra” e encontra selva de verdade ao longo da BR-174 e outra “selva” de problemas típicos de um Estado que ainda sequer completou três décadas de autonomia administrativa e que depende de recursos federais. É a liberdade de expressão dos chatos. Quantas vezes criticamos a violência no Rio de Janeiro? Ou o trânsito ou a falta de água em São Paulo? Ou a frieza de Brasília com sua carestia? Ou a confusão de Manaus com seu calor quase que insuportável? É natural que reclamemos do lugar de onde não pertencemos. O que não se pode é atacar as pessoas. Quem ama esta terra se dói com críticas, principalmente as injustas. Mas também não é motivo para incorrer no mesmo erro, que é xingar e demonizar quem não gostou. Também acho que quem não gosta deveria pegar suas trouxas e cair fora. Mas isso não significa que devemos linchar moralmente os que não gostam ou não gostaram daqui. Até uns dias atrás sequer havia shopping, e hoje temos dois! E daí?! Eu preferiria aquela cidade interiorana sem shopping e sem as luzes e cores fortes dos centros do consumismo. Mas quem sou eu para querer e ser atendido? E quem é aquela pessoa que chega e esculhamba nossa cidade, nosso Estado e nosso jeito de viver? Que fale! Vamos fazer nossa parte, vamos batalhar para continuar com nossa boa fama de receptivos e cordiais (não confundir com covardia, por favor!). Tem gente que usa suas mídias sociais apenas para atacar, sacanear, fazer redes de intrigas ou se fazer parecer o que não é. Mas se acha no direito de atacar, como se fosse um pitbull louco, o forasteiro que não gostou daqui. Por que, então, não mostrar seu lado bom, as coisas bonitas de nossa cidade, as opções que temos para sermos felizes em um Estado com toda sua riqueza multicultural e das belezas naturais? Nem caio nessa onda de ficar, feito doido, reivindicando a posse do ponto mais setentrional do Brasil. Que se lixe o Oiapoque. Não estou nem aí para o Chuí. Há coisas mais importantes para a gente cuidar nesse Estado de terra fértil para a corrupção. Ficamos nos ocupando com coisas tão irrelevantes que esquecemos que nós, como cidadãos que amamos este pedaço de chão, podemos fazer para tornar esse lugar muito melhor para se viver. *Jornalista [email protected]