Jessé Souza

Raizes oligarquicas 10 10 2014 137

Jessé Souza* A situação de Roraima chegou a este nível: ou se escolhe ficar na frigideira ou pular na fogueira. O povo vem sendo fritado em banho-maria por longos anos e, se não pular na fogueira, na tentativa de conseguir escapar do fogo, vai terminar de ser empanado por um grande esquema que visa instalar de vez a grande oligarquia que vem sendo planejada há um certo tempo. Os cofres públicos não suportam mais manter a política familiar e de grupo que sustenta a atual forma de governar. É necessário e urgente mudar de caminho para não despencar no abismo que espera o Estado logo à frente, caso não se impeça que a oligarquia finque raízes. Os maranhenses que para aqui vieram, desde a década de 80, sabem muito bem do que uma oligarquia é capaz. Ela destrói não só a vida de um Estado, mas transforma esperança em desilusão, revira a vida das pessoas e as expulsa de sua casa, de sua terra e de seus sonhos. O Estado de Roraima não conseguirá ir muito longe com essa política de distribuir vales e brindes. E quando não for mais possível receber a assistência de um governo cada vez mais falido, então as pessoas não terão outra opção senão a de mendigar ajuda ou ir embora para onde é possível enxergar uma luz no fim do túnel. As vicinais nos mais longínquos lugares de Roraima estão cheias de famílias largadas à desassistência, vivendo no sacrifício e sabedoras de que não suportarão mais este quadro por mais alguns anos. E, a exemplo do Maranhão, se uma oligarquia se instalar definitivamente por aqui, nem mais a terra que ocupam pertencerá aos mais pobres. Essa movimentação, que visa arrancar as pessoas de seus lugares, foi iniciada desde quando a União transferiu as terras para o Estado de Roraima. Os poderosos locais montaram um grande esquema para se apropriar indevidamente de imensas áreas, inclusive de terras onde famílias pobres vivem e que nunca conseguiram o título definitivo. E o ataque continua, desta vez visando expulsar as famílias que moram em regiões onde o subsolo é rico em minérios fora de áreas indígenas. Empresas estão só esperando o Congresso aprovar a regulamentação da mineração para que centenas ou quem sabe milhares de famílias sejam expulsas de suas terras com as mãos abanando. Daí a necessidade de o povo não permitir que se instale uma oligarquia, pois, caso isso ocorra, será impossível combater injustiças, a pobreza e a expulsão de pessoas de suas propriedades e até mesmo do Estado. Não podemos nos tornar um novo Maranhão, onde os ricos ficaram mais ricos, concentrando tudo nas mãos de uma única família, e os pobres ficaram mais pobres, com apenas duas opções: ficar no cabresto da oligarquia ou cair fora.   *Jornalista [email protected]