Bom dia,

Com aproximação da eleição de segundo turno, que seguramente os eleitores e as eleitoras roraimenses terão pouco importância na definição do resultado final – embora haja o simbolismo expresso na margem de votos dados ao candidato Jair Bolsonaro (PL) com quase 70% dos votos-, é necessário que tenhamos a noção bem próxima da realidade de que existem duas visões sobre Roraima, nas propostas e nas condutas, dos candidatos; bem como de seus apoiadores, que disputam este segundo turno da eleição presidencial.

E aqui, não se trata de tentar induzir os poucos votos de roraimenses neste segundo turno da eleição presidencial, mas de descortinar o possível cenário da política do governo federal para o estado, de acordo com o possível resultado do pleito, caso seja vencedor Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL). Nesta direção, as notas a seguir procuram traçar a tendência futura com relação a temas que deverão ser enfrentados por qualquer da escolha que vier a ser feita pelos eleitores e eleitoras brasileiras.

GARIMPO

O atual presidente da República, e candidato a reeleição, Jair Bolsonaro, mantém uma narrativa de que é preciso legalizar a atividade mineral na Amazônia – Roraima no meio-, inclusive em áreas indígenas. Embora não tenha feito muito esforço político para regulamentar a Constituição Federal sobre isso, o atual governo não tem demonstrado até agora uma vontade política capaz de dar cabo à exploração irregular, que tem ocorrido em grande escala em Roraima. Lula e seus aliados seguramente não têm a exploração mineral na Amazônia como prioridade de governo, e seguramente deve combater com a força coercitiva do estado a garimpagem especialmente na Terra Indígena Yanomami. E o fará nos primeiros meses de governo.

VENEZUELA 1

A permanência de Jair Bolsonaro na presidência da República deverá manter relações diplomáticas suspensas com a Venezuela e com a ditadura de Nicolás Maduro e seus generais. Essa opção diplomática poderá significar a continuidade do crescente esforço de aproximação com a República Cooperativista Guiana, cujo resultado mais previsível é conclusão do asfaltamento da estrada que liga Boa Vista a Georgetown, bem como a construção de um porto com calado adequado nas proximidades da capital guianense, o que facilitaria o escoamento da produção de grãos de Roraima, e o suprimento de insumos para a agricultura do estado.

VENEZUELA 2

Num eventual governo petista, uma das primeiras medidas no campo diplomático seria, sem qualquer dúvida, o reatamento das relações com a Venezuela e com o governo de Maduro. Lula nunca escondeu sua amizade com o atual dirigente venezuelano, que vem desde os tempos de Hugo Chávez. Uma reaproximação do Brasil com a Venezuela – dependendo dos termos do entendimento-, poderá significar um esfriamento da aproximação com a República Cooperativista da Guiana, afinal os governantes venezuelanos continuam reivindicando quase dois terços – a extensa região estratégica e petrolífera do Essequibo-, do território guianês. Maduro, evidentemente, vai colocar na mesa de negociações com Lula essa questão de limites com o vizinho caribenho.           

LANÇAMENTO

O PT reuniu na sua sede, ontem, seus aliados de esquerda para o lançamento oficial da campanha de Lula da Silva em Roraima no segundo turno da eleição presidencial. Sem conseguir eleger um único parlamentar neste pleito – perdeu a vaga de Evangelista Siqueira (PT) na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) e de Joênia Wapixana (REDE) na Câmara dos Deputados-, a esquerda do estado tem a difícil tarefa de melhorar o desempenho eleitoral de Lula, que no primeiro turno não chegou a 30% dos votos.  É ainda mais complicada a tarefa na medida em que, comandados pelo governador Antônio Denárium (PP), os bolsonaristas estão empenhados em ampliar a vantagem de Bolsonaro neste segundo turno.

MUDANÇAS

O governador Antônio Denárium reafirmou a Parabólica que está satisfeito com o seu secretariado, que na sua avaliação é eficiente e cumpridor de suas determinações. Ele já houvera dito isso, quando da entrevista concedida no último domingo (09.10) ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3. Embora admita fazer mudanças pontuais a partir do começo do próximo ano, Denárium diz que vai seguir com a atual equipe. Ele também não fez qualquer referência a eventual reforma na administração direta e indireta do estado.

À PROVA

A força do ex-presidente Lula da Silva junto a alta cúpula do Judiciário brasileiro vai ser posta mais uma vez nesta quinta-feira. É que uma ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz, determinou o afastamento do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB). Acusado de corrupção, ele é apadrinhado de Renan Calheiros (MDB) e candidato à reeleição. Rapidamente, a presidente do STJ, ministra Maria Thereza Moura, convocou uma reunião plenária da corte para amanhã (quinta-feira) para analisar a decisão da colega. Quando quer, o Judiciário é rápido.