Coveiro – Zelador –Administrador do Cemitério
A atividade de Coveiro é uma profissão que não costuma ser comentada e buscada como meta de realização pessoal ou vocação natural. No mundo do cinema a profissão geralmente aparece associada às figuras sinistras. O trabalho do coveiro às vezes é visto como uma atividade ligada ao sobrenatural. Este errôneo pensamento é comum nas comunidades com nível de superstição elevado.
Hoje, através desta história, desejo conferir um pouco de visibilidade a esses profissionais que trabalham suprimindo sua própria dor e emoções, trabalhando diariamente com sepultamentos e exumações. Muitas vezes deixam as lágrimas caírem em solidariedade aos familiares que, em prantos, vêem seu ente querido descendo à fria sepultura.
O mais doloroso é quando o coveiro tem que sepultar alguém de sua própria família. Imagine a dor que sente quando ele se vê diante do trabalho de enterrar o próprio filho, ou a esposa, o pai, mãe ou um irmão.
Hoje em destaque o senhor Pedro Soares da Silva Praça, coveiro por excelência, serviu por mais de 36 anos à população boa-vistense, desde o primeiro Cemitério (no local onde hoje está a Catedral da Igreja Universal do Reino de Deus, na Rua Sebastião Diniz – Centro); no segundo Cemitério (no local onde hoje está a Catedral da Igreja Católica Cristo Redentor, no Centro Cívico); e no terceiro (atual Cemitério Nossa Senhora da Conceição, na Rua Surumú- Bairro São Vicente). Pedro Praça dizia que: “O ser humano nada mais é do que uma encomenda que a parteira enviou para o coveiro. Um dia essa encomenda vai chegar!”.
Pedro Soares da Silva Praça nasceu no Ceará em 08 de junho de 1888, mas foi criado no Piauí. Era filho de Joaquim Pinto de Mesquita e da senhora Maria Carolina Brasil.
Chegou a Boa Vista em 1928 trazido pelo fazendeiro Adolfo Brasil que havia ido pro Nordeste convidar famílias para trabalhar em suas fazendas aqui no vale do rio Branco.
Pedro Praça foi vaqueiro e depois capataz e, quando da morte do Prefeito Jaime Marques Brasil (12/11/1928), o irmão Adolfo Brasil assumiu temporariamente a Prefeitura e o Pedro Praça foi designado para realizar o serviço de coveiro de Boa Vista, permanecendo até 1938. Mas, sua contratação oficial, como Coveiro-Zelador,se deu no dia 02 de janeiro de 1947, pelo Decreto nº 16 – assinado pelo Prefeito o senhor Antonio Augusto Martins.
Pedro Praça casou a primeira vez com a jovem Tereza, filha-criada pela família Brasil, tendo com ela os filhos: Tadeu Alves Serra Pereira e Maria de Nazaré.
Ao ficar viúvo, casou-se em 1964 com a senhora Maria COSMA do Rosário Praça, com a qual teve os filhos: Antonio Alves do Rosário Praça, Maria do Socorro, Maria Salete, Joana D`Arc, e João D`Arc. Deles descendem netos, bisnetos e, tataranetos.
A senhora Cosma do Rosário já era viúva do senhor Waldemar Bernadino de Lisboa, técnico do Ministério do Trabalho, falecido em 1950 na cidade de Manaus. Quando de sua viagem de volta à Boa Vista, conheceu e casou-se com o Pedro Praça. E, para ajudar no orçamento doméstico, lavava roupa e ainda trabalhava como zeladora pela manhã no Grupo Escolar Lobo Dalmada e à tarde na Legião Brasileira de Assistência-LBA.
Cosma nasceu no dia 18/05/1930, e faleceu no passado com mais de 90 anos de idade. Ela morava com a família à Rua Braz de Aguiar – no Bairro Mecejana.
Pedro Soares da Silva Praça(que tinha a voz fanhosa, devido a problemas nasais e labiais), faleceu no dia 26 de outubro de 1974, aos 86 anos de idade, e está sepultado no Cemitério Nossa Senhora da Conceição – Sepultura nº 98 – Quadra nº 16 – realizado pelo coveiro-administrador José Rodrigues de Souza.
A Prefeitura de Boa Vista denominou a antiga Rua I-6, com o nome de RUA PEDRO PRAÇA. Esta rua inicia na Avenida dos Bandeirantes, no Bairro Buritis, e finda na Rua Vicente Correia Lira (antiga Rua C-8), no Bairro Asa Branca.