Enquanto mais de uma centena de policiais militares são investigados por participação em crimes ou violência doméstica, a população de Boa Vista tem enfrentado um crescente aumento no número de casos de assaltos não apenas em via pública, mas também dentro de residências, onde bandidos armados invadem as casas para cometer crimes de forma violenta.
É sabido que a Polícia Militar é a instituição responsável pelo policiamento ostensivo e, além de atuar preventivamente para evitar o cometimento de crimes, é responsável por agir na preservação da ordem pública. Portanto, tudo o que ocorre com essa polícia preventiva tem reflexos diretos em sua missão de servir e proteger a sociedade.
As notícias da crônica policial indicam uma preocupante realidade dentro da PM de Roraima, onde vários policiais são suspeitos de integrarem milícia, grupo de extermínio, envolvimento na proteção de donos de garimpos e até em participação em grupos que roubam garimpeiros, além de outros casos de homicídios de grande repercussão, tortura, tráfico de droga, sequestros e ameaças.
Os números do Mapa da Segurança Pública 2024, que se referem aos dados do ano de 2023, já revelavam uma preocupante realidade, apontando que Roraima foi o campeão de aumento na taxa percentual de casos de roubo seguido de morte, os chamados latrocínios, com um aumento de 57,14%, muito à frente do segundo colocado, que foi Tocantins, que registrou aumento de 3,45%.
Enquanto a PM não expurgar o mal seus quadros e der um choque de realidade para tomar uma nova direção, a tendência é a realidade piorar, impondo mais o sofrimento à população que vive nos bairros mais afastados, onde é precário ou deficiente o serviço de policiamento ostensivo. No entanto, não se vê as autoridades preocupadas com este deprimente quadro, com a política focada nas eleições ou em processos de cassação.
O Mapa da Segurança também expõe pistas de que há algo muito errado, pois Roraima integra a lista dos 13 estados onde aumentou o número de mortes por ação de policiais, com alta de 225%, passando de 4 mortes, em 2022, para 13 mortes, em 2023. É um número surpreendente ao mesmo tempo que preocupante, pois está muito acima da média nacional. Essa estatística apenas reforça a suspeita de policiais atuando em grupo de extermínio e milícia.
Os números falam por si só. A realidade das ruas vem sendo sentida nas recorrentes denúncias de insegurança nos bairros, enquanto as autoridades fingem que está tudo bem e maquiam uma imagem irreal nos seus institucionais. O crime segue bem organizado enquanto nossas instituições mostram-se desorientadas, a exemplo do que vem ocorrendo no âmago da polícia ostensiva. É um caso muito sério!
*Colunista