Jessé Souza

Sem magicos e herois 1874

Sem mágicos e heróis O ano de 2015 está chegando ao fim com uma constatação preocupante: da mesma forma que não somos competentes para limpar o quintal de nossa casa, também não somos para fazer uma faxina na política. Explico melhor: o ressurgimento de doenças típicas de países pobres, como a dengue e seus primos, febre amarela urbana, zika e chikungunya, são resultado da sujeira do quintal de nossas casas, assim como a política é resultado de nosso voto.

O mosquito Aedes aegypti  se procria na sujeira que lançamos na rua e na nossa casa. A corrupção na política também se procria na sujeira que enviamos para Brasília e para os parlamentos dos municípios e dos estados. Ou seja, padecemos dos grandes males de países miseráveis, os quais penam com a sujeira em todos os níveis, principalmente na política.

Não podemos mais continuar jogando a culpa toda no poder público sabendo que o mosquito da dengue, febre amarela urbana, zika e chikungunya e o mosquito da corrupção sobrevivem de nossas irresponsabilidades como cidadãos. Nossa sujeira é que produz os nossos males na saúde pública e na condução de nossos governos.

Então, vamos partir para um novo ano sabendo que as doenças que assolam o país e as ações corruptas que destroem os cofres públicos têm grande parcela de nossa culpa como cidadãos. E não há como vencê-las se não for a partir de uma tomada de consciência como cidadãos e de uma atitude como eleitores conscientes.

Por muitos anos, o brasileiro vem colocando a culpa exclusivamente nos governos, nos políticos e na política partidária sem fazer sua mea culpa, sem analisar que o lixo que enviamos para os parlamentos e para os governos em todos os níveis retorna em forma de corrupção; e o lixo que lançamos na rua ou no quintal de casa volta em forma de doença ou de tragédias ambientais, como alagamentos.

Não vamos mudar nossa realidade achando que um maluco qualquer, que promete dar tiro em bandido e escorraçar gays, for eleito presidente. Nem achando que a corrupção é uma instituição deste ou daquele partido. Tudo que está aí, desafiando a todos, é produto nosso, como eleitores e como cidadãos que precisam assumir sua responsabilidade.

Já tivemos o lançamento de um “heroi”, no passado, um “caçador de marajás”, e sabemos no que deu. Então, não iremos mudar o Brasil achando que um “Rambo” ou um “falastrão qualquer” vai salvar o mundo. Tudo isso só começará a mudar, para melhor, quando cada cidadão tomar consciência de seu papel como cidadão pleno e como eleitor responsável. Não há mágica nem heroísmo para o Brasil.

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