AFONSO RODRIGUES

Sempre a Deusa

“A deusa da minha rua

Tem os olhos onde a lua

Costuma se embriagar.

Nos seus olhos eu suponho

Que o Sol em dourados sonho

Vai claridade buscar”.

(Jorge Faraj)

Tenho a impressão que as deusas estão se embriagando na vulgaridade dos sonhos. Já não temos mais a simplicidade da “Deusa da minha rua”. Se é a deusa que está se embriagando ou se é o sono da rua que está naufragando. O mundo já não se enche de graça, quando ela passa. Talvez já estejamos perdendo a simplicidade no encantamento da Deusa. Já não estamos mais nos encantando com a beleza natural. E vamos no copo da Deusa, nos embriagando com a fantasia. Vamos prestar mais atenção à beleza feminina, em vez de ficarmos encantados com a beleza artificial. Talvez ainda não entendemos que a beleza está na simplicidade. Vamos procurar ser um pouco mais racionais. Só assim voltaremos a ver a beleza como ela é.

Cada um tem sua maneira de ver as coisas. Senão não seriamos diferentes, sendo iguais nas diferenças. Vamos procurar ver as coisas como elas são e não como queremos que elas sejam. Vamos brincar para nos divertir. E há maneiras muito simples nas brincadeiras que nos fazem feliz. Alguém já deve ter perguntado pra você, o que é que fica encima de nós. Se ninguém perguntou, eu pergunto: o que é que fica em cima de nós? Vá refletindo e responda. Caso esteja encontrando dificuldade em responder, preste atenção: o que fica em cima de nós, é o assento agudo! Simples pra dedéu.

Sorria mais com coisas mais simples. A vida é pra ser vivida, e não para ser sofrida. Talvez a “Deusa da minha rua” tenha passado por você, ainda há pouco e você nem percebeu, porque estava prestando atenção a alguma coisa sem importância. O que faz de você uma pessoa sem importância. Divirta-se mais com coisas mais simples. Não sei se já falei pra você, do maestro que irritou-se no ensaio para o concerto. Mas não faz mal, vamos repetir. O maestro iniciou o ensaio com a orquestra, muito cedo. Ele parecia irritado, quando parou e gritou para os músicos:

– O terceiro sax-tenor, tocar mais baixo!

Novamente ele parou e outra vez gritou:

– O terceiro sax-tenor, tocar mais baixo!

Logo que ele ameaçou gritar novamente, um dos do ensaio levantou o braço e falou:

– Mestre… o terceiro sax-tenor ainda não chegou!

O maestro não pestanejou e falou:

– Então, quando ele chegar fale pra ele tocar mais baixo!

Todo mundo riu e a chatice do maestro tornou-se uma brincadeira. A gente pode mudar o rumo da prosa de uma hora para outra, e tornar a chatice numa diversão. Sempre que estiver inclinado a deixar que o aborrecimento faça de você um fantoche, caia fora. Pense nisso.

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