Sentindo o peso da exclusão Enquanto toda a atenção estava voltada para a cela de Lula, na República de Curitiba, e para a caverna na Tailândia, com cobertura a vivo pela TV, um produtor rural tentava salvar seu pequeno trator carregado com bananas que ficou engatado nas madeiras de uma ponte que desabou no Rio Caroebe, no município do mesmo nome, a sudeste do Estado.
A imagem circulou nos compartilhamentos via WhatsApp, na manhã de ontem, mostrando o que vem sendo dito aqui, neste espaço, a respeito das extremas dificuldades enfrentadas por quem mora no interior do Estado, em especial nas vicinais, que se transformam em atoleiros durante as chuvas, e por causa das precárias pontes de madeira, que não passam por manutenção.
Todos têm o conhecimento das limitações do Governo do Estado, por causa da crise, mas essa situação não pode ser levada como desculpa absoluta para não fazer o básico, uma vez que recursos aparecem para fazer festa no Parque Anauá, enquanto desabam pontes em estradas que servem para a escoação dos produtos, a exemplo de Caroebe, o maior produtor de bananas de Roraima.
Não há planejamento em nada para impedir que as situações não só na questão das estradas, mas em todos os setores, cheguem a um nível crítico. É como se o governo fosse um grande barco com seu casco furado, com seus tripulantes se limitando a tirar a água para que não afunde, sem que haja gente pensando em manutenção, com ações para evitar buracos, a fim de prevenir os problemas.
Esse desleixo administrativo permite o que já era ruim tornar-se precário, como ocorre na saúde pública, na educação, na segurança e demais setores. Aí tudo se resume a ficar em ações paliativas, somente para evitar que o barco não afunde de vez, já em fim de governo. E dá-lhe desculpa para não assumir erros e omissões.
No caso das pontes, nem paliativo existe, pois as estruturas de madeira vão caindo de podre ou por uso constante sem que haja manutenção. E quem já vive esquecido pelas ações governamentais acaba sendo massacrado pelas péssimas condições das estradas e das pontes, além da falta de investimentos por ser pequeno, enquanto os grandes produtores se afogam em paparicos e incentivos governamentais.
Quem dá duro na agricultura familiar sente-se cada vez mais impotente para continuar apostando no desenvolvimento desse Estado por meio da produção, geração de emprego e renda. Essa é a realidade dos produtores de bananas de Caroebe, que abastecem os mercados de Manaus (AM) e de Boa Vista. Assim como os demais, eles sentem o peso dessa política de exclusão e ausência.
*Colaborador [email protected] Acesse: www.roraimadefato.com/main