Bom dia,

Hoje é quinta-feira (09.09), Na linha do que imaginamos daqui deste espaço, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), que preside a Câmara Federal manifestou-se, ontem sobre os eventos ocorridos no Brasil durante o dia da Independência. Como predizemos ontem, Lira apresentou-se disposto a utilizar o importante cargo que ocupa para servir de mediador entre a crise instalada entre os poderes Executivo e Judiciário. Demonstrando flagrante contrariedade, criticou os dois poderes, sem maniqueísmo, avisando a Jair Bolsonaro que a questão do voto impresso para as eleições de 2022 é questão vencida após da decisão da Câmara Federal, e ao Supremo Tribunal Federal (STF) mandou dizer que não serão mais toleradas interferências como a que mandou para a prisão o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ).

Lira tem, como dissemos ontem, condições políticas para exercer o papel de bombeiro na crise instalada entre o Executivo e o Legislativo. É, como sabemos, responsável para a admissão de qualquer pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro, e ao mesmo tempo, tem condição política para engrossar a voz contra excessos por ventura cometidos por ministros do STF. Não é candidato ao lugar de Bolsonaro, embora faça parte da base de apoio ao governo, tem demonstrado bastante independência quando resolver contrariar alguns interesses do Palácio do Planalto, como  foi o caso da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso.

Do conteúdo da manifestação do presidente da Câmara Federal, feita ontem (quarta-feira) sobre as manifestações do Dia da Independência, é sem dúvida muito importante, a afirmativa de que a troca de farpas feitas entre Jair Bolsonaro e alguns ministros do STF, além da insistência de se manter montado o palanque eleitoral para 2022, já não estão mais apenas no mundo digital, já chegaram concretamente ao mundo real dos brasileiros e das brasileiras, e são expressos na inflação e no desemprego que assola o Brasil. É preciso que todas as energias sejam utilizadas para enfrentar esses problemas, afirmou o presidente da Câmara dos Deputados.

Os que preferem ver o circo pegar fogo, o que não interessa a maioria da população brasileira, já voltaram suas baterias contra a conclamação de Arthur Lira para a busca de um consenso entre os poderes. Querem mais brigas. Até quando?   

BUMERANGUE

E parece que os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro não ficaram satisfeitos com a demonstração de forças no 7 de Setembro. Muitos deles permanecem na Esplanada do Ministérios em Brasília, e agora ganharam o apoio mais efetivo dos caminheiros, que decidiram bloquear rodovias federais em quase todos os estados brasileiros. Observadores da crise política tupiniquim dizem que o movimento pode trazer mais problemas de popularidade para Jair Bolsonaro, já que o bloqueio pode trazer desabastecimento e mais inflação para os brasileiros e brasileiras. O desejo de apoiar o presidente pode retornar, tipo efeito bumerangue, em mais desgaste para o governo.       

NUMEROS

A cobertura do que se passa no Brasil de hoje é feita com tanta parcialidade -pela imprensa tradicional e pela versão dos contendores através das redes sociais-, que ninguém conseguiu estimar com razoável precisão o tamanho do público que foi às ruas no último dia 7 de Setembro para apoiar o presidente da República. Uma das maiores emissoras de TV, que opera no Brasil, chegou a divulgar que nos 14 quarteirões interditados na Avenida Paulista apinhados de gente tinha apenas 150 mil manifestantes. Tinha muito mais, evidentemente, mesmo que não se tenha chegado aos dois milhões como apregoaram os organizadores do movimento. Mais parcial, impossível.

SELETIVO

 O PSDB reuniu sua Comissão Nacional Executiva e decidiu declarar oposição ao governo Bolsonaro depois das declarações do presidente durante as manifestações populares em Brasília e na Avenida Paulista em São Paulo. Bruno Araújo, deputado federal e presidente nacional dos tucanos disse que além do mais o partido começaria imediatamente trabalhar para a criação de uma terceira opção a Bolsonaro e Lula para evitar que o Brasil caísse novamente nas mãos do Partido do Trabalhadores (PT), a quem responsabilizou por boa parte da crise que estamos atravessando. A imprensa engajada editou a fala do tucano evitando publicar a outra parte relativa ao PT, e quando não o fez, obrigou seus “analistas” a ignorá-la.

“DERRETENDO”

Por conta das incertezas vindas do mundo político, o dólar estadunidense fechou, ontem, quarta-feira, em R$ 5,3276. Em 24 horas, percentualmente, a desvalorização do Real foi de 2,93%, o que é indesejável, mas natural frente a turbulência política do país. Um levantamento feito nos últimos seis meses mostra que a desvalorização da nossa moeda, apesar de ser a maior entre os países emergentes, foi de 2,86%. Suficiente para que a mais importante âncora de uma emissora, a norte-americana CNN, dissesse com toda a força de seus pulmões, que nossa moeda estava “derretendo” frente à moeda estadunidense. É mole?

NO MEIO

Correligionários do governador Antônio Denárium (sem partido) estão animados com a participação dele no movimento popular realizado no último 7 de Setembro. “Ele não pode falar por determinação dos organizadores do evento, mas circulou livremente entre os manifestantes sem muito aparato de segurança, como fazem muito políticos locais. Não foi ofendido por qualquer popular e ficou bastante tempo entre os manifestante. Quanto políticos locais, e declarados candidatos em 2022 poderiam fazer isso?”, é o que disse a Coluna um correligionário que acompanhou Denárium na andança entre os manifestantes.