AFONSO RODRIGUES

Sorria com a careta da vida

“Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos”. (Bob Marley)

Durante toda a semana passada vivi momentos exemplares sobre como viver a vida. Sexta-feira, despedindo-me de São Paulo, fiquei um tempo parado no calçadão da praia em Caraguatatuba. A manhã estava friinha e o mar parecendo irritado. Tínhamos mais surfistas nas ondas do que banhistas na areia. Também, com numa manhã fria não pode ser diferente. Um surfista me chamou a atenção. Ele vinha surfando direitinho, mas, quando chegou próximo à praia, ele caiu e foi coberto pela onda. Mas se ergueu, pegou a prancha e voltou para o mar arengueiro. Gostei da atitude, e fiquei observando-o por várias idas e vindas. Ele não desistiu e eu caí fora. Mas, saí caminhando e pensando como esses caras treinam nos seus dias a dias. E a reflexão durou até eu voltar para casa e ficar conversando com o pessoal da família. Um pessoal muito legal.

Essa família é numerosa e amorosa. São uma irmã e quatro sobrinhas. O que me garantiu um excelente número de parentes. O que me faz muito feliz. Recentemente recebi um telefonema dizendo que minha irmã, Zilda, estava muito doente e internada na UTI de um hospital em São Paulo. Mas o que me acelerou foi que me disseram que antes da internação ela estava em estado terminal. O que me fez fazer a mala e pegar o avião. A dona Salete acompanhou-me e tudo valeu a pena. Ficamos uma semana com ela, o que lhe fez muito bem, e a nós também. Melhorou e voltou para casa, tentando se recuperar de verdade. Foi uma semana meio agitada, mas muito gratificante. Ela é viúva e mora com uma de suas filhas, num condomínio, em Caraguatatuba. Mas, ontem tivemos que fazer as bolsas e pegar o avião, de volta. A irmã está bem, apesar dos seus noventa e três anos deidade. O importante é que ela está lúcida e nos dando tranquilidade.

Estamos de volta às atividades que me fazem muito bem, nos bons-dias aos amigos e a todos os seres que nos fazem feliz. E a felicidade está em cada um de nós. O importante é que não meçamos o tamanho do problema, com a tristeza que ele pode nos trazer, desde que não saibamos encará-las. A vida é uma luta renhida para a qual devemos estar sempre preparados. É muito importante que observemos a fala do Bob Marley: “Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida”. Vamos estar sempre preparados, e preparadas, para que nossa falta seja sentida, na nossa ausência. E o amor é a coisa mais importante e construtiva para manter a saudade como alimento fortalecedor da felicidade. Pense nisso.

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