Bom dia,
Hoje é sexta-feira (16.09). Há dois dias escrevemos aqui sobre pontos primordiais que devem ser enfrentados para que Roraima continue na rota de crescimento que vem experimentando nos últimos dez anos. São questões ainda pendentes que aguardam ser resolvidas para consolidar o estado política e economicamente, e que se isso não ocorrer tem o potencial de frear o ritmo de crescimento da economia local e até mesmo fazê-la regredir. Ao contrário, se removidas essas barreiras Roraima vai ocupar o posto de nova fronteira econômica do país, com mudança de sua matriz de produção, e consequente fim da chamada economia do contracheque chapa branca, que dá ritmo lento as atividades produtivas do estado até hoje.
Hoje, queremos escrever sobre o que os roraimenses podem esperar quanto ao enfrentamento daquelas questões a partir do resultado da eleição presidencial que se aproxima, que tudo indica continuará polarizada entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula da Silva (PT) pelo que indica a publicação de resultados de pesquisas de intenção de votos por diversos institutos. Esta tentativa de predição é feita com base na história dos candidatos, suas narrativas e promessas feitas até aqui em suas respectivas campanhas. Deixando bem claro, para começo de conversa, a natureza diferente, do ponto de vista ideológico, entre Bolsonaro – um político populista, conservador, de direita, que defende um modelo liberal de tratar as questões econômicas do país, com visão bem clara de que a exploração dos recursos naturais do Brasil deve obedecer aos interesses da população brasileira-, e de outro lado Lula da Silva, um político populista de esquerda, que defende intervenção maior do Estado na economia, com aumento de impostos, com clara opção por subordinar os interesses da população brasileiras aos interesses do ambientalismo internacional. Embora sejam parecidos no populismo que defendem e praticam, Bolsonaro e Lula da Silva não podem ser considerados farinha do mesmo saco.
Assim, colocados, cada um terá uma forma diferente de encarar as questões que aqui nos referimos. Vejamos alguns pontos que diferenciam uma possível continuidade do governo de Jair Bolsonaro, ou de uma eventual posse de Lula da Silva para cumprir um terceiro mandado de presidente do Brasil. Vamos começar pela questão indígena: Jair Bolsonaro prometeu e cumpriu a promessa de não demarcar mais terras indígenas no Brasil cujas extensões somadas já ocupam 14% da superfície total do país. No caso de Roraima esse índice de ocupação já ultrapassa 46% do território. Lula da Silva, por seu lado, diz claramente que vai retomar a política de demarcar tantas áreas indígenas quanto seja a desejo de comunidades que as reivindicam. É bom lembrar que por aqui, as organizações não governamentais e algumas lideranças dos índios esperam a definição pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do marco temporal para lutar pela expansão da superfície de quase trinta terras indígenas já demarcadas, além da criação de uma já em estágio de interdição, a Pirititi, às margens da BR-174, no município de Rorainópolis.
Com relação ao garimpo, enquanto o governo de Bolsonaro o encara com muita conivência, enquanto no discurso diz ter interesse em legaliza-lo, inclusive em terras indígenas, embora efetivamente quase nada tenha feito nesse rumo; de um eventual governo petista de Lula da Silva o que se espera é uma forte ação repressora para por fim a atividade, mesmo que fora de áreas indígenas. É assim, que agem governos de esquerda embora nos discursos gostem de acuar os adversários de ditadores. Uma ação policial/militar com prisões e mortes de pessoas, sem buscar alternativas de emprego e renda vai, decididamente, causar crise social e econômica no estado.
O relacionamento entre o Brasil e a República Cooperativista da Guiana vai ser influenciado também pelo novo governo brasileiro. Jair Bolsonaro rompeu relações diplomáticas com o governo de Maduro, e parece que num eventual governo isso não se modificará. O afastamento do Brasil com o governo venezuelano abriu espaço para uma aproximação com a Guiana, historicamente ignorada pela diplomacia brasileira em função da preferência dos negócios com a Venezuela. Guina e Venezuela mantém uma antiga disputa pela soberania de vasto território guianense, inclusive da área onde está sendo explorado petróleo, e para não desagradar os venezuelanos o Brasil colocou de lado suas relações com os guianenses. Com Lula será diferente; em recente pronunciamento, o petista chegou a dizer repetidamente, com dúbio significado, que estava cada dia mais “maduro”. Isto significa que se ele for presidente da República, voltará a normalizar as relações diplomáticas com o governo de Nicolás Maduro, especialmente por razões ideológicas, esfriando a crescente aproximação com a República Cooperativista da Guiana.
A maior aproximação entre Brasil e Venezuela no eventual governo petista significará consequente afastamento da Guiana, e isso trará retardamento na política de integração de infraestrutura e comercial de Roraima com aquele país caribenho. Se para o Brasil isso pouco significa, para Roraima e para o Amazonas significa perder a possibilidade de utilizar a Guiana como corredor para as exportações – e para o suprimento de matérias primas-, desses dois estados da Amazônia Ocidental, que inclui a construção de um porto de águas profundas nas proximidades de Georgetown. O interesse de Roraima com a aproximação entre Brasil e Guiana vai além de criação de um corredor que viabilizará nossas exportações ao Caribe e Europa, e abrande a enorme possibilidade de negócios com os guianenses por conta da riqueza que terá aquela população a partir da produção e refino do petróleo.
DEBATE
Está tudo pronto para o debate entre os candidatos ao governo do estado, que ocorrerá no próximo domingo (18.09) a partir das oito e meia da manhã no auditório da TV Cultura de Roraima. Todos os quatro candidatos e a única candidata já confirmaram a presença no debate, que certamente poderá ter grande importância no resultado final do pleito. O evento é uma realização conjunta entre o Grupo Folha de Comunicação (Folha Web, Rádio Folha 100.3, Rádio Folha de Bonfim FM 94,7) e da TV Cultura de Roraima. Também será transmitido por todos os canais digitais oficias dos dois grupos de comunicação.
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