Jessé Souza

Tempos de incognita 2241

Tempos de incógnitaAno eleitoral, tempo em que os políticos e os pretensos candidatos começam a agir de todas as formas. Uns investem em invasores de terra. Outros distribuem ovos de páscoa na periferia; ou mesmo melancia. Alguns se metem em caravanas no interior do Estado. Há os que levantam antigas bandeiras, com os casos de Pacaraima e da regularização fundiária e urbana; e por aí afora.

Se o eleitor ficar bem atento e começar a observar as movimentações na mídia tradicional e nas redes sociais, verá como os políticos estão se articulando, cada um tentando ocupar espaços, inventando fatos, fantasiando outros ou ressuscitando temas que mexem com o imaginário das pessoas ou com suas necessidades básicas.

Porém, teremos uma das eleições mais diferentes de todos os tempos, já que, em nível nacional, o discurso de extrema direita tem dominado o cenário político e midiático de Norte a Sul do Brasil. A histeria e o espetáculo histriônico têm substituído o discurso, as propostas e os projetos. Tudo isso misturado com um posicionamento em favor da ética, da moral e do fim da corrupção.

Isso significa que teremos antigas práticas se confrontando com um discurso histérico da extrema direita exigindo o fim da corrupção e em favor da ética. Em Roraima, isso será uma incógnita, pois as mobilizações contra a corrupção têm reunido, inclusive nos palanques desses eventos, figuras antigas que já estiveram lambuzadas com a corrupção. Mais ou menos assim: corruptos em mobilização contra a corrupção.

Como estão dizendo que o povo foi às ruas bradar contra a esculhambação e a corrupção, a lógica é que o eleitor não aceite mais, a partir do pleito deste ano, que antigos corruptos continuem se elegendo e reelegendo. Não haverá mais qualquer desculpa para que, em nível nacional ou na realidade local, “ficha suja” receba votos nas eleições municipais de outubro.

Afinal, se essas mobilizações que estão ocorrendo em todo o país forem mesmo pela moralização geral da Nação, será inconcebível que candidatos enrolados com a Justiça e com os desmandos administrativos consigam se eleger. Antigos coronéis da política deverão ser colocados em seus devidos lugares, longe do erário do qual eles usam se locupletam.

Vamos esperar para ver o que acontecerá no pleito deste ano, com antigas práticas se confrontando com essa nova realidade de cobrança e do basta à corrupção. Se esse discurso de moralidade e ética não vencer, então é porque tudo não passou mesmo de histeria, em que o gigante mais uma vez foi ludibriado por um circo político.

*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main