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Tenente cícero corrêa de melo

Dono da fazenda casa branca, onde está o lago Caracaranã em Normandia.

Nas primeiras luzes da manhã do dia 30 de janeiro de 1918, chegou à Fazenda São Marcos (situada às margens do rio Uraricoera), o Tenente da Polícia Militar do Amazonas, Cícero Corrêa de Melo.

O Tenente Cícero nasceu em Maranguape, interior do Ceará, no dia 31/05/1885. Ainda muito jovem, juntou-se a alguns amigos e veio para o Amazonas, onde se dizia à época, que era a “terra do Ouro, das riquezas e da borracha”, mas, também se falava que “havia índios, onças, febre amarela e malária” –. O grupo veio procurar melhores condições de vida, e se não se importou com os possíveis perigos que diziam existir.

Ao chegar à Manaus, capital do Amazonas, procuraram trabalho. Uns foram trabalhar no comércio ambulante e outros na extração da borracha. Enquanto Cícero Melo ingressou na Polícia Militar. Começou como soldado e chegou ao posto de Tenente.

Ainda em Manaus, o Tenente Cícero casou-se com a jovem Maria José, com a qual teve um único filho: “Cícero Correa de Melo Filho”.

No quartel, o Tenente Cícero se destacou em várias atividades militares, o que lhe rendeu o convite para ir trabalhar no Palácio do Governo (Palácio Rio Negro), na função de ajudante-de-ordem do Governador, à época, o médico Pedro de Alcântara Bacelar (1917-1921). Este governador chamou o Tenente Cícero e lhe deu uma missão: ir para Boa Vista, à época pertencente ao Estado do Amazonas, e de lá seguir para a Fazenda São Marco, situada às margens do rio Uraricoera, onde ele passaria a ser o Administrador geral. Cuidaria do prédio, do gado e de todo o patrimônio pertencente à União (Governo Federal). E, assim ele veio para cumprir a missão. Chegou à Boa Vista no dia 30/01/1918.

Em Manaus ficou sua primeira mulher a senhora Maria José, com o filho Cícero Correa de Melo Filho.

Ao chegar à Boa Vista, o Tenente Cícero procurou o Prefeito (chamado à época “Superintendente”), o senhor Bento Ferreira Marques Brasil (Bento Brasil). Disse-lhe que vinha em missão especial do Governo do Amazonas para administrar a Fazenda São Marco que era propriedades do Governo Federal. Prestado este esclarecimento, recebeu o apoio necessário para se deslocar até a Fazenda, sendo acompanhado por um grupo de pessoas indicadas pelo Prefeito, que lhe mostrou o caminho. E, assim foi feito.

Com o passar dos anos administrando a Fazenda São Marco, o Tenente Cícero, sentindo-se solitário, casou-se com a roraimense Cândida Menezes, em 1922. Desta união nasceram os filhos: Joaquim Corrêa de Melo e Maria do Perpétuo Socorro Melo.

A senhora Cândida Menezes já era viúva (de José Gelb de Lima) e proprietária da “Fazenda Casa Branca” às margens do rio Maú, em Normandia, localidade próxima à fronteira com a Guiana Inglesa. A Fazenda Casa Branca, era uma propriedade enorme que abrangia o Lago Caracaranã.

A Fazenda Casa Branca tornou-se o lar definitivo do Tenente Cícero, onde criou gado, plantou, colheu, e produziu a subsistência de sua família. Ele era um homem de posses, muito respeitado, e que gostava de receber bem a todos que o visitava. Sua mesa era farta e ajudou muita gente.

Tempos depois, a senhora Cândida Menezes faleceu e o Tenente Cícero ficou mais uma vez solitário. Então, casou com a senhora Maria Mecena de Oliveira. Com ela o casal não teve filhos.

A Fazenda Casa Branca era muito bem cuidada pelo Tenente Cícero. Tinha gado, plantações e bastante frutas. Mas, a despeito de tudo isto, as influências religiosas que se alojaram nas comunidades indígenas próximas à Fazenda, começaram a suscitar a ideia de tomar a Fazenda e tudo que nela havia. O Tenente Cícero refutava a cada investida das invasões. Passou a ser comum a visão de gado morto e queimadas na propriedade.

Em 1971, um incêndio de altas labaredas destruiu parte da área produtiva em torno da “Fazenda Casa Branca”, inclusive o prédio teve perdas e alguns móveis da casa viraram cinzas, e essa triste visão fez com que seu coração não aguentasse tanta tristeza. Este foi o motivo de sua vinda para Boa Vista.

O Tenente Cícero deixou a propriedade com o Lago Caracaranã (que significa “Lugar onde os pássaros voam livres”), para um dos seus filhos: Joaquim Corrêa de Melo, que passou a administrar o que restou do que arduamente durante anos haviam construído.

Já em Boa Vista, no ano seguinte à sua chegada, o Tenente Cícero faleceu no dia 14 de março de 1972.

Em sua homenagem, a Prefeitura denominou uma rua no Bairro de Aparecida, com o nome de: “Rua Tenente Cícero”.

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