JESSÉ SOUZA

Terror imposto por facção venezuelana é o último alerta para colocar ordem na fronteira

Suspeitos de pertencerem a facção venezuelana responsável por cemitério clandestino no momento em que foram presos (Imagem: Reprodução)

O caso do cemitério clandestino localizado em Boa Vista, exatamente em uma área de invasão localizada na região que concentra o maior número de migrantes que chegam ao Estado, precisa representar o basta que as autoridades estaduais e federais definitivamente voltem os seus olhares para a fronteira com a Venezuela, que está exportando a bandidagem também para Roraima.

O momento de frear esta situação é agora, quando Exército, Marinha e Aeronáutica estão planejando o maior exercício militar conjunto de 2025 em Roraima, na fronteira com a Venezuela, depois que as Forças Armadas Brasileiras receberam informações de que o país vizinho tem construído pequenas pistas de pouso, pontes provisórias e acampamentos de lona entrincheirados próximos à fronteira com Brasil e Guiana.

A situação ultrapassou todos os limites e não há mais motivo para que autoridades de segurança de Roraima adiem entendimentos com o Governo Federal e as Forças Armadas. A propósito, o Governo Federal tem ações para prevenir e combater o crime nas regiões fronteiriças por meio de integração entre os governos federal, estaduais e municipais para a prevenção, fiscalização e repressão aos ilícitos transnacionais.

Para isso existe o Plano Estratégico de Fronteira, instituído pelo Governo Federal, que visa fortalecer a cooperação e integração dos órgãos envolvidos com a segurança pública nas regiões de fronteira. Os estados também já aderiram ao programa Estratégia Nacional de Fronteiras (Enafron) para combater o narcotráfico e outros crimes na vasta extensão de fronteira do País.

Então, o que estão esperando as autoridades para colocar ordem na fronteira com a Venezuela a fim de impedir que o crime organizado se favoreça das fragilidades estruturais e facilidades que os migrantes têm em acessar o território brasileiro como refugiados? Não se pode confundir recepção humanizada a refugiados com fronteiras abertas para as facções transnacionais.

Há outros sérios motivos para que a fronteira com a Venezuela seja tratada como ponto estratégico de segurança nacional, e não apenas para combater o narcogarimpo e ação de facções. Circulam informações de que o Irã montou uma base avançada para as operações militares regulares e  irregulares na Venezuela.

As instalações militares iraniana serviriam para operar o chamado “aeroterror”, uma rota aérea entre Caracas e Teerã utilizada para transportar dinheiro, contrabando, material militar, terroristas e criminosos, bem como possíveis materiais nucleares. Além de posicionar drones em várias partes da Venezuela, o Irã realiza treinamento para militares venezuelanos e forças paramilitares operarem esses equipamentos.

Existem informações de militares iranianos transitando entre os países vizinhos, obviamente incluindo o Brasil, com novas movimentações à medida em que se aproximava a pose de Donald Trump para seu novo mandato nos Estados Unidos. Por isso a fronteira com a Venezuela precisa ser pensada acima dessa nova geografia do crime comandada por facções, que tem apresentado sérios reflexos na criminalidade em Boa Vista.

Diante de toda essa realidade que se apresenta, o Estado de Roraima precisa se incluir nessas discussões estratégicas com a finalidade de se beneficiar dessas ações para direcionar o combate à criminalidade exportada pelo país vizinho e que ameaça seriamente a população roraimense. Ou será que interessa apenas ficar cobrando recursos federais em forma de compensação?

*Colunista

  [email protected]