GENTE DA NOSSA GENTE – PERSONAGEM DA NOSSA HISTÓRIA
A Tia Sabá (Sebastiana Pereira da Silva) nasceu no dia 26/01/1926 na fazenda Wartello, na região da Serra da Lua (Bonfim), e era filha do casal Ampolino Alves Pereira e Maria Almeida Pereira. Era casada com o senhor Ramiro Damasceno da Silva que, à época, tomava conta das Fazendas da empresa J.G. Araujo. O casal montou na região da Serra da Lua a “Fazenda Paraíso Perdido”, e anos depois mudou o nome para “Fazenda Bela Vista”, onde a Tia Sabá instalou a “Escola Isolada Sebastião Diniz” (uma homenagem ao desbravador que havia realizado a feitura da primeira estrada Manaus a Boa Vista). Na área da Saúde, a Tia Sabá aprendeu com o Dr. Durval Gonçalves de Araujo – que era o Chefe da SUCAM (Superintendência de Erradicação da Malária), a colher lâminas de sangue e realizar exames nas pessoas infectadas. Ela ia de casa em casa, e às vezes fazendo uso de montaria em cavalo, por toda a região, para realizar este trabalho voluntário. A sua “Fazenda Bela Vista” se tornou o posto central de atendimento. Era comum a presença da Equipe Médica “Asas do Socorro” – com médicos e dentistas, chefiados pelo Dr. Carlos Patton. A Tia Sabá também rezava em criança e até em adulto, além de fazer remédios caseiros e os dava gratuitamente a quem a procurasse. Na Fazenda, além do gado, também se praticava a agricultura de milho, arroz, feijão, mandioca, cana de açúcar, curtume de couro e o extrativismo de Cumaru (que faz o Colorau usado em comida). A semente do Cumaru era vendida para empresas de Manaus. E, este trabalho gerava renda para muitas famílias. Mas, na década de 1960 ocorreu na região da Serra da Lua um surto da doença bovina, Aftosa, o que fez com que muita gente perdesse parte do seu gado. E, a Tia Sabá veio morar em Boa Vista, no Bairro do “Correio Velho” (onde até pouco tempo funcionava o prédio da Funai, na Rua Bento Brasil, no Bairro São Pedro). A casa da Tia Sabá ficava na parte da beira alta do rio Branco, estava (e, está até hoje) localizada à Rua Capitão Bessa. Tempos difíceis vieram depois. Como não podia mais contar com a sua outrora e verdejante fazenda, já que a doença bovina Aftosa havia feito estrago no rebando de gado, a Tia Sabá procurou trabalho em Boa Vista. Foi então convidada para ser a “Governanta” da Casa dos Secretários e, para complementar a renda da família, ela passou a costurar, lavar e ainda contava com uns quartos (apartamentos) para alugar. A Tia Sabá gostava de comércio e, assim, em sua própria residência, ela montou uma Peixada a qual deu o nome de: “Peixada Cinco Estrelas” (uma homenagem às suas cinco filhas). E, em 1982, atendendo a uma sugestão de um cliente, a Tia Sabá registrou oficialmente a sua peixada com o nome de: “Peixada Varanda Tropical”. Esta peixada fez tanto sucesso que foi citada no Guia Turístico “Quatro Rodas”, de circulação nacional, como um local de referência gastronômica de Boa Vista, Roraima. Naquele Restaurante surgiram os primeiros grupos de samba e pagode, reunindo amigos e entretendo a clientela. E, muitos artistas, reconhecidos nacionalmente, cantaram e se apresentaram na “Casa do Samba”, como ficou conhecido o Restaurante Varanda Tropical. A Tia Sabá também gostava de Carnaval, e foi a figura maior da Escola de Samba “Praça da Bandeira”, ganhadora de vários primeiros lugares em muitos anos. Em 1987 a Tia Sabá ficou viúva do marido Ramiro Damasceno. E, em 2011 ela faleceu. Eu a homenageei com a publicação: “Um minuto de silêncio para a Diva do Carnaval Roraimense. Que o rufar dos tambores da sua querida Escola de Samba Praça da Bandeira, não silencie e não a esqueça, jamais”.