A execução do empresário Vinicius Gritzbach no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na sexta-feira passada, que teve ampla repercussão em todo o país, precisa ser vista não apenas como atestado do poderio do crime organizado e seus tentáculos na sociedade. Mas, principalmente, como o último alerta de que o Brasil precisa se organizar definitivamente para enfrentar os criminosos.
O assassinato na frente do aeroporto mais movimentado do país ocorreu no momento em que o Governo Federal passou a defender a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), chamada de PEC da Segurança Pública, como saída para enfrentar os altos índices de criminalidade em todo o país. A proposta já foi apresentada aos governadores em reunião no dia 31 de outubro passado.
Enquanto políticos e juristas divergem sobre a PEC, discutindo sob o aspecto do pacto federativo e conflitos de competência, o crime há muito tempo está organizado, com seus poderios aumentando cada vez mais. Atualmente, dois grupos criminosos disputam o poder: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). O PCC, por exemplo, já avança em outros países da América do Sul.
Essas organizações criminosas se estruturam a ponto de atuarem não mais apenas no tráfico de drogas e armas, mas também no garimpo ilegal, extração ilegal de madeira e contrabando de cigarro, inclusive na lavagem de dinheiro por meio de postos de combustíveis, criptoativos e outros grandes empreendimentos, a exemplo do que está sendo revelado nas investigações sobre o empresário assassinado em Guarulhos.
Enquanto o estudo “Segurança Pública e Crime Organizado no Brasil”, elaborado pela think tank Esfera Brasil e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta o poderio do crime organizado que impacta profundamente a sociedade e a economia, as autoridades ainda não sabem lidar com a situação para enfrentar o crime organizado, inclusive com fortes resistências sobre a PEC da Segurança Pública que está em debate.
No entanto, é necessário considerar que existe uma imprescindível necessidade de organizar um pacto supranacional para combater o crime organizado, não apenas com informações e ações centralizadas, com estruturas modernas e mais investimentos, bem como União, estados e municípios falando a mesma linguagem por meio de uma cooperação.
Em Roraima, a força do crime organizado é visível, com cooptação de políticos e policiais, conforme mostram as seguidas investigações da Polícia Federal e Polícia Civil, avanço criminoso este que começou a ser exposto a partir do combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, onde o narcogarimpo atua. Significa que, ou a sociedade se organiza para enfrentar essa perigosa realidade, ou o crime organizado toma o país definitivamente.
*Colunista