Um caso policial de fim de semana e a régua moral para medir os políticos
Jessé Souza*
Não está faltando mais nada para a Comissão de Ética da Câmara Municipal de Boa Vista funcionar, em uma legislatura que pouco representou o anseio da população, obviamente com suas exceções as quais incluem os que entram mudo e saem calados. Aliás, legislaturas passadas foram marcadas por aumento salarial e vereador cumprindo mandato dentro da prisão.
Nessa atual, quando já houve declarações de que havia interferência política externa, são oito vereadores de Boa Vista que pretendem concorrer aos cargos de deputado estadual ou federal nas eleições deste ano, conforme comentou esta coluna anteriormente, os quais não se intimidam em não cumprir o mandato e pleitearem cargos políticos maiores, obviamente por interesses próprios ou de seus grupos.
Dentre esses vereadores está um, o qual foi motivo de maior fato policial e, ao mesmo tempo, político deste fim de semana, uma vez que ele é pré-candidato a deputado federal. Mesmo tendo se envolvido em ocorrências policiais anteriores em seu curto tempo de mandato, e nada tenha apresentado alguma atuação em favor da coletividade, tudo passou em branco até aqui.
Trata-se do vereador Kleber Siqueira (SD), o qual foi detido sob acusação de desacatar e ameaçar policiais militares na madrugada de domingo, no bairro Senador Hélio Campos, após o seu veículo ultrapassar um sinal vermelho. A situação foi tão tensa que ele foi deixado na “cheirosa” para dormir e acalmar os nervos até que esfriasse a cabeça, pagando uma fiança para ser liberado logo pela manhã.
Esse vereador tem um histórico preocupante. Foi detido na operação Déjà Vu, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em abril de 2021, por posse ilegal de arma de fogo, embora a investigação fosse sobre um esquema de compra de votos nas eleições 2020, que diz respeito a uma investigação sobre um esquema de compra de voto em que o deputado Renanzinho Beckel acabou preso após eleito e, posteriormente, cassado, embora recorra no mandato.
Antes disso, o vereador se envolveu no caso em que bateu boca com policial militar em ocorrência para interromper uma festa clandestina com cerca de 300 pessoas durante a pandemia, em flagrante desobediência às restrições federais e municipal, dando um exemplo negativo à população, além de desobedecer a legislação em vigor.
Então, existem todos os elementos para se analisar o comportamento ético do parlamentar, eleito para ser exemplo na sociedade e fiscal do povo. Em legislaturas passadas, deixaram passar até um vereador preso seguir normalmente, como se fosse algo normal, e outros casos que o Google pode apresentar em pesquisa sobre vereadores de Boa Vista.
Diante desses fatos, já que o caso do deputado cassado Jalser Renier foi usado como régua moral para a política roraimense, então não se pode mais tolerar quaisquer desvios de conduta no exercício do mandato parlamentar. Ou não era esse o objetivo quando houve aquela mobilização na Assembleia Legislativa, tomando para si a bandeira da ética e da moralização da política roraimense?
*Colunista