São longos quatro anos de descaso com a situação da principal estrada do Município de Amajari, a RR-203, que dá acesso à Serra do Tepequém, o principal ponto turístico de Roraima. A situação ficou tão insustentável que a Associação de Desenvolvimento Sustentável dos Moradores do Tepequém (Adesmote) decidiu realizar um mutirão com voluntários para realizar obras paliativas para que haja o mínimo de trafegabilidade e segurança naquela rodovia.
Tudo começou em 19 de outubro de 2019, quando o governador Antonio Denarium, na companhia do secretário de Infraestrutura, Edilson Lima, hoje vice-governador, durante a inauguração de uma praça na Vila Trairão, anunciou a obra de recuperação daquela estrada. A ordem de serviço da obra só foi assinada em 30 de outubro de 2020. E os serviços foram iniciados em janeiro de 2021, cujo valor inicial estava orçado em R$ 11 milhões, provenientes do desbloqueio da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).
A partir dali, estava iniciada a sequência de morosidade e descaso, em que o asfaltamento da avenida principal de Tepequém se deteriorou um mês após ser concluída, serviço este refeito somente um ano depois. Nesse ínterim, a empresa nunca conseguiu terminar a obra, que incluía roçassem das margens da rodovia e sinalização vertical e horizontal da estrada, serviços estes também nunca realizados em sua totalidade. Além disso, buracos começaram a surgir no asfalto novo, revelando a péssima qualidade do serviço. São estes buracos que estão sendo tapados pelos moradores com cimento.
A situação ficou tão insustentável que a empresa abandonou a obra, obrigando o governo a contratar outra empreiteira, que também nunca conseguiu realizar sequer uma operação tapa-buraco, até não mais prosseguir com o serviço, chegando a este exato momento em que os moradores de Tepequém decidiram tapar os buracos na subida da serra com cimento e roçar a margem da rodovia a fim de garantir melhor trafegabilidade para turistas e os próprios moradores.
O mutirão dos moradores, que ora está sendo realizado, é o atestado do descaso governamental com aquela importante rodovia, responsável não somente por levar turistas a Tepequém, mas também para movimentar outras atividades econômicas da região, como a piscicultura e a pecuária. Até hoje, o governo nunca deu satisfação sobre contratos, valores pagos e motivo do abandono das obras.
Não apenas isso. Por ser uma rodovia estadual, compete ao Governo do Estado também substituir as precárias pontes de madeiras por pontes de concreto, obrigação esta nunca assumida e sempre ignorada. Só falta agora chegar a ponto de os moradores serem obrigados a tirar dinheiro do próprio bolso para fazer novos mutirões a fim de realizar as obras que são responsabilidade do poder público.
No mínimo, é vergonhoso que o cidadão, que já paga altos impostos e que cumpre com outras obrigações, tenha que tirar dinheiro do orçamento familiar para realizar serviços que já foram pagos pelo governo, sob contratos milionários, mas nunca realizados pelas empresas contratadas. E tudo isso sob as vistas grossas não só dos órgãos fiscalizadores, mas de outras autoridades que têm propriedades em Tepequém e outras regiões de Amajari, como juízes, promotores, defensores, advogados, policiais, delegados e até conselheiros do Tribunal de Contas!
*Colunista