
O fim de semana de Carnaval foi marcado por uma guerra no trânsito boa-vistense, com morte e vários feridos em acidentes, fazendo lotar os serviços de urgência e emergência do Pronto Socorro do Hospital Geral de Roraima (HGR), com pacientes feridos à espera de atendimento devido ao grande movimento durante a noite e madrugada.
Boa Vista já está sitiada por redutores de velocidade por todos os lados, inclusive com a volta dos quebra-molas em cruzamentos movimentados. Isso comprova que o problema está no condutor, em especial, que não respeita os mais básicos sinais de trânsito, principalmente os que impõem limite de velocidade e as placas de “Pare”.
Não há dúvida que a imprudência tem sido o principal motivo dos acidentes graves que vêm ocorrendo com certa frequência, cenas de horror que se ampliaram nesse feriadão. As estatísticas comprovam isso, mostrando que as principais e mais movimentadas avenidas da Capital são as que mais registram acidentes de trânsito.
Conforme estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de janeiro a setembro de 2024, as cinco avenidas mais violentas são Ataíde Teive (146 acidentes), Ville Roy (102), Brigadeiro Eduardo Gomes (71), Princesa Isabel (65) e Carlos Pereira de Melo (64). Inclusive, foi na Av. Princesa Isabel o local da tragédia na manhã desta segunda-feira, com a morte imediata da condutora de um dos veículos na colisão frontal.
São avenidas extensas, de grande movimentação, onde há concentração de comércios e vias responsáveis por interligar os setores mais importantes da Capital. Como se tratam de vias arteriais, o limite de velocidade é de 60Km por hora, o que não é respeitado por condutores, especialmente nos fins de semanas e feriados, quando o tráfego reduz e as pessoas excedem na velocidade.
Está comprovado que o condutor roraimense não liga para conscientização, o que significa que as autoridades não têm outra alternativa senão aumentar o controle de velocidade nessas avenidas, pois as estatísticas mundiais mostram que veículos com velocidade reduzida têm maior chance de evitar colisões ou gerar menor impacto em caso de acidentes, causando menos mortes.
Em grandes centros urbanos, o Plano Global da Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que o índice de velocidade nas vias urbanas de grande tráfego deve ser, em média, de 30 km/h, com implantação de radares (“pardais”) para multar, mexendo no bolso dos condutores imprudentes, já que a maioria não liga mais para educação e conscientização no trânsito. Mexendo na parte onde mais dói no contribuinte, o bolso, talvez o faça refletir.
Também já passou da hora de as autoridades de trânsito planejem e efetivamente fiscalizem, criando um plano em conjunto com todas as esferas de governo para reduzir o número de acidentes e mortes no trânsito roraimense. Mas, pelo que se vê, o Detran sequer consegue concluir a obra de sua sede, que se arrasta há anos, cujo lançamento da pedra fundamental da obra ocorreu em outubro de 2021!
Enquanto a imprudência impera nas ruas e avenidas de Boa Vista, vidas são ceifadas nessa guerra insana e gratuita no trânsito, com hospitais superlotados, o que significa mais gastos com a saúde pública que deveriam estar sendo aplicados na melhoria do atendimento à população. Fora as centenas de pessoas que saem sequeladas dos acidentes, gerando um ônus ainda maior para o setor público e o mercado de trabalho.
*Colunista