AFONSO RODRIGUES

Vamos topar sem topadas

Foi o que senti hoje: saudade daqueles tempos em que fiz tanta tolice infantil que me trazem alegria com as lembranças

Vamos topar sem topadas

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A vida é para quem topa qualquer parada, não para quem para em qualquer topada”. (Bob Marley)

Faz muito tempo que falei do chute que dei numa lata jogada na rua. Mas vamos repetir, porque ela é muito interessante para nos ensinar. Eu era, ainda, um iniciante na adolescência. Naquele dia faleceu o pai de um dos meus amiguinhos da escola. Preparei-me para o velório. Vesti o paletó, calcei o sapato bem engraxado, pus a gravata e me mandei. La na frente tinha um desses galões de tinta, jogado no chão. Com sonho de atleta, resolvi chutar a lata, com toda força possível. Meu sonho era que ela, a lata, voasse. E não dormi no ponto. Chutei a lata que nem se mexeu. A dor foi infernal. Ainda bem que eu ainda estava perto de casa. Mas quando cheguei, o pé já estava tão inchado que eu não conseguia mais tirá-lo do sapato. Minha mãe me socorreu e o que ela falou naquele momento, você imagina, porque você já teve ou tem mãe. Naquela época a bronca era chamada de “carão”. Foi o que ela me deu. E no dia seguinte tive que me desculpar com o colega, por não ter ido ao velório do seu pai.

E topar as paradas pode ser uma lição de vida. E por isso me lembrei do Bob Marley que também diz: “Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos”. Foi o que senti hoje: saudade daqueles tempos em que fiz tanta tolice infantil que me trazem alegria com as lembranças, hoje. Amanheci o dia, hoje, me sentindo um pouco fora de forma nos pensamentos. O que não me é comum. Mas também não precisei ir além do possível. E adivinhe o que me aconteceu: liguei o computador para ver minha matéria do dia. E você não imagina o quanto ri descontroladamente, com a imagem publicada sobre a matéria: um cara serrando o galho de uma árvore e sentado na ponta do galho, que iria cair. O que coincidiu muito com o assunto da matéria. Aquele cara só teve de racional na sua origem. Uma brincadeira simples que me fez muito feliz e tirou de mim todos aqueles aborrecimentos que tentavam me atormentar.

Nunca permita que maus pensamentos e lembranças desagradáveis do passado façam de você um títere. O tempo que passei sem poder calçar o sapato, por conta daquele chute boboca naquela lata cheia de cimento ainda me faz muito feliz com a lembrança feliz de uma infância feliz. “Avida é uma peça de teatro que não permite ensaio…”. Só o mestre Charlie Chaplin poderia pôr essa perola na minha lembrança. Viva a vida como um ensinamento para a racionalidade. Quando for cortar o galho da árvore não se sente no galho. Ele pode derrubar você. Nem chute a lata. Ela tem cimento. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460    

Vamos topar sem topadas

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A vida é para quem topa qualquer parada, não para quem para em qualquer topada”. (Bob Marley)

Faz muito tempo que falei do chute que dei numa lata jogada na rua. Mas vamos repetir, porque ela é muito interessante para nos ensinar. Eu era, ainda, um iniciante na adolescência. Naquele dia faleceu o pai de um dos meus amiguinhos da escola. Preparei-me para o velório. Vesti o paletó, calcei o sapato bem engraxado, pus a gravata e me mandei. La na frente tinha um desses galões de tinta, jogado no chão. Com sonho de atleta, resolvi chutar a lata, com toda força possível. Meu sonho era que ela, a lata, voasse. E não dormi no ponto. Chutei a lata que nem se mexeu. A dor foi infernal. Ainda bem que eu ainda estava perto de casa. Mas quando cheguei, o pé já estava tão inchado que eu não conseguia mais tirá-lo do sapato. Minha mãe me socorreu e o que ela falou naquele momento, você imagina, porque você já teve ou tem mãe. Naquela época a bronca era chamada de “carão”. Foi o que ela me deu. E no dia seguinte tive que me desculpar com o colega, por não ter ido ao velório do seu pai.

E topar as paradas pode ser uma lição de vida. E por isso me lembrei do Bob Marley que também diz: “Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos”. Foi o que senti hoje: saudade daqueles tempos em que fiz tanta tolice infantil que me trazem alegria com as lembranças, hoje. Amanheci o dia, hoje, me sentindo um pouco fora de forma nos pensamentos. O que não me é comum. Mas também não precisei ir além do possível. E adivinhe o que me aconteceu: liguei o computador para ver minha matéria do dia. E você não imagina o quanto ri descontroladamente, com a imagem publicada sobre a matéria: um cara serrando o galho de uma árvore e sentado na ponta do galho, que iria cair. O que coincidiu muito com o assunto da matéria. Aquele cara só teve de racional na sua origem. Uma brincadeira simples que me fez muito feliz e tirou de mim todos aqueles aborrecimentos que tentavam me atormentar.

Nunca permita que maus pensamentos e lembranças desagradáveis do passado façam de você um títere. O tempo que passei sem poder calçar o sapato, por conta daquele chute boboca naquela lata cheia de cimento ainda me faz muito feliz com a lembrança feliz de uma infância feliz. “Avida é uma peça de teatro que não permite ensaio…”. Só o mestre Charlie Chaplin poderia pôr essa perola na minha lembrança. Viva a vida como um ensinamento para a racionalidade. Quando for cortar o galho da árvore não se sente no galho. Ele pode derrubar você. Nem chute a lata. Ela tem cimento. Pense nisso.

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