AFONSO RODRIGUES

Veja-se em você

“Nada nos fará tão generosos e sensíveis às faltas dos outros como conhecer totalmente, através de autoexame, as nossas próprias”. (François de S. Fénelon)

Nem vamos, por isso, levar numa boa as faltas dos outros só porque temos as mesmas. O mais racional é ser racional e respeitar os outros no que eles são, e procurar melhorar as nossas falhas. E assim estaremos respeitando e caminhando para sermos respeitados. E não precisamos criar familiaridade. Respeitar à distância, mesmo estando próximo. Acumular experiências enriquece a mente, desde que não nos deixemos nos influenciar. Adquirimos experiências nas vivências. Mas as experiências devem ser consideradas como lições que devem ser vividas. Vamos ser felizes em nós mesmos. Não nos deixemos levar pelas tristezas, quando a alegria está em nós. É só nos valorizarmos no que somos.

De 1999 a 2004, morei ali na Rua Conde de Sarzedas, na Sé, em São Paulo. A rua é uma descida. Do início da rua até à Rua João Carvalho, são só lojas de produtos e igrejas evangélicos. Eu e o Alexandre morávamos em um edifício, na esquina com a rua João Carvalho. No resto da descida é só liberdade tonta. Muita droga, brincadeiras nada para brincar, e por aí a for. E eu tinha que atravessar esse ambiente, todos os dias, pela manhã e pela tarde, para comprar o pão do café. E vivi um grande exemplo de como você não deve se influenciar com o que não lhe interessa. Sempre caminhei pela calçada lotada de garotas e adultos, fumando seu cigarrinho, sentados à porta, com as pernas esticadas na calçada. Quando eu me aproximava, eles encolhiam as pernas e me cumprimentavam com cortesia. Eu os cumprimentava cortesmente e continuava meus passos com ordem e respeito. Eu nunca soube o nome de nenhum deles, nem eles souberam o meu. Sempre os respeitei no que eles eram, respeitando-me no que sou.

Não se ache superior, seja. E só o seremos quando respeitarmos a superioridade dos outros, independentemente do que eles são. Cada um de nós está no seu grau de evolução racional. O passo para o degrau superior depende de cada um. O que podemos fazer é dar o melhor que pudermos dá, como exemplo. O que nos orienta para a caminhada da racionalidade, que ainda está muito distante do que merecemos. Não permita que ninguém dirija sua vida. Mas você tem que mostrar para você mesmo, ou mesma, que você tem todo o poder de que necessita para ser feliz. “O céu azul que vedes não é céu nem é azul”. E como vivemos em um planeta redondo, estamos sempre caminhando de cabeça para baixo, sem perceber. Continuamos caindo para o espaço, pensando que estamos subindo. Pense nisso.

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