Velha-guarda da mentira
Existe uma grande mobilização da opinião pública mundial contra o que se convencionou a se chamar de “fake news” nas redes sociais, em especial no Facebook. Esse fenômeno nada mais é do que a mentira disfarçada de notícias, a fim de obter uma imagem para ludibriar o internauta. Muitos acabam caindo na arapuca e compartilham sem checar a falsa informação e muitas vezes até mesmo só acreditando na manchete.Mas, vamos refletir com um pouco mais de calma. A mentira com formato de matéria jornalística não foi inventada pelas redes sociais. Em tempos de Facebook, apenas o engodo mudou de nome: “fake news”. O fake, o personagem falso, também já existia desde muito tempo antes mesmo da invenção da imprensa. As mentiras apenas ganharam mais um território fértil para se proliferarem.A boa e velha mídia tradicional já convivia com as falsas matérias que eram veiculadas com o propósito de enganar a opinião pública por algum propósito inconfessável e para atacar adversários políticos ou mesmo ganhar dinheiro em cima de celebridades por meio de fofocas travestidas de matérias jornalísticas. Tabloides britânicos são famosos mundo afora por serem declaradamente sensacionalistas, se valendo de mentiras disfarçadas de exageros.O que os aproveitadores das redes sociais estão fazendo atualmente é se aproveitar do que já existia na velha mídia e se sofisticando com a ajuda da popularização da internet, campo frequentado principalmente por pessoas que não gostam ou desistiram das leituras mais aprofundadas, um mundo sem livro e no qual a sabedoria é confundida com a pesquisa no Google.A internet só contribui não apenas com “fake news”, mas também com o pensamento de que a educação formal pode ser substituída pela facilidade e conforto de “saber tudo” no clic dos dedos a partir de um dispositivo com Wi-Fi. As redes sociais só ampliaram a realidade de mentiras que eram e que continuam sendo publicadas pela imprensa que se passa por séria. Inclusive, o episódio do impeachment é um bom exemplo do “fake news” da velha-guarda midiática. Na internet, também vale a máxima de que nada se cria quando se trata de mentira; tudo se copia.