Jessé Souza

Velhos fantasmas 1163

Velhos fantasmasQuem tem medo de comunistas? Pelo que se lê na internet, há um certo número de reacionários brasileiros que ainda pensam como na época da Guerra Fria, quando a União Soviética era uma potência mundial e aterrorizava sonhos de criancinhas que iriam se devoradas, em cenas de canibalismos, por terríveis comunistas que se vestiam de vermelho e tinham como bíblia o “famigerado” Karl Max.

Nem os Estados Unidos levam mais a sério o comunismo no mundo a ponto de estar abrindo, aos poucos, os laços diplomáticos com Cuba, país este que resistiu bravamente ao bloqueio econômico norte-americano e foi a última resistência de um comunismo que nunca chegou a existir, de fato, no mundo.

Mas, no Brasil (e obviamente em Roraima), há gente que fala do comunismo como se o “Manifesto do Partido Comunista”, de Karl Max e Friedrich Engels, tivesse acabado de ser lançado. Essas pessoas chegam ao absurdo de dizer que Venezuela é comunista e que o Brasil também segue os passos para também ser comunista.

É preciso ser completamente tapado intelectualmente para chegar a acreditar ou até mesmo temer que isso realmente possa se concretizar – e nem estou levando em consideração que o ministro da Fazenda do Brasil é um digno representante do grande capital e braço forte dos banqueiros.

Mas, valendo-se da desinformação e da ingenuidade de muitos brasileiros, esses reacionários acabam ganhando alguma credibilidade nas redes sociais, arrebanhando até mesmo gente que outrora se mostrava intelectualmente privilegiada em enxergar o verdadeiro Brasil e as origens das mazelas.

Sem entender o fogo cruzado que se tornou esse falso nacionalismo e o alarde sobre um comunismo, que inclusive já morreu, as pessoas não se dão conta de que esses argumentos são antigos e foram usados em episódios vergonhosos da humanidade, como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha. E também em um momento obscuro da História do Brasil, para justificar a ditadura militar.

Dentro desse contexto, o extremismo na religião também contribuiu para engrossar o caldo reacionário, com lideranças religiosas cegas por seguidores (leia-se dinheiro), clamando pela moralidade e por uma suposta campanha em favor da família, como se fosse possível a família como célula da sociedade desaparecer por algum motivo.

E não me refiro somente aos evangélicos, pois há de ser destacado que parte da Igreja Católica chegou a apoiar a ditadura militar no Brasil sob os mesmos discursos extremistas e alarmistas que estão sendo usados hoje por falsos profetas, com destaque para os neopentecostais.

É preciso que os cidadãos saibam identificar os reais interesses dos discursos alarmistas e reacionários. A Humanidade já pagou caro por essas pregações que visam mexer no medo, nas fraquezas e na desinformação da sociedade. Brasil não é Venezuela e jamais será Cuba. Se até os EUA estão abrindo as portas para Cuba, por que devemos temer algo?

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