JESSÉ SOUZA

Violência durante o feriadão e as seguidas operações anunciadas pelas autoridades

Operação Soberania foi anunciada em janeiro, logo após descoberta de cemitério clandestino (Foto: Divulgação)

Enquanto a folia ocorria na Avenida Ene Garcez, os principais problemas enfrentados pela população afloraram especialmente na Capital, a exemplo dos acidentes de trânsito, furtos e roubos a residências nos bairros mais afastados e a criminalidade imposta por facções venezuelanas, com a execução de uma mulher venezuelana, morta a tiros em uma área de invasão no bairro Pricumã, o qual sofre as mazelas da imigração desordenada e ausência do poder público.

O que chama a atenção nesse crime brutal, cometido na frente de uma criança de 5 anos, filho da vítima, é que a execução ocorreu numa área de invasão que fica a poucos metros do local do cemitério clandestino descoberto em janeiro passado na mata ciliar do igarapé Pricumã e, também, a poucos metros do local onde está sendo construído o prédio do 1º Batalhão da Polícia Militar, cuja obra foi iniciada em agosto do ano passado.

Vale ressaltar que essa área de invasão se consolidou no ano passado, exatamente quando a Polícia Militar desapropriou o terreno que pertence à corporação, onde a sede do 1º BPM está sendo construído no Pricumã, o qual estava ocupado por cerca 300 venezuelanos sem-teto que moravam de forma precária no prédio abandonado onde funcionou a Casa do Migrante, na Alameda dos Bambus.

Significa que, enquanto os faccionados se organizaram e passaram a dar as ordens naquele setor sul da cidade, que engloba os bairros Pricumã, 13 de Setembro, São Vicente e Calungá, as autoridades não conseguiram se contrapor, a exemplo da obra do 1º Batalhão da PM, que segue a passos lentos, inversamente proporcional às ações criminosas que a população vem assistindo.

O assassinato daquela mulher tem todos os indicativos de acerto de conta envolvendo faccionados venezuelanos. Caso o cemitério clandestino usado por eles não tivesse sido descoberto, certamente seria mais um corpo enterrado em cova rasa. Agora, os criminosos voltaram a agir como antes, executando suas vítimas em via pública e não temendo as autoridades.

O crime desnuda a realidade, uma vez que, logo após a descoberta do cemitério clandestino, na noite do dia 24 de janeiro o governo anunciou a Operação Soberania, que seria integrada pelas forças de segurança estaduais, cujo foco seria os bairros Pricumã,13 de Setembro, São Vicente e Tancredo Neves. Ou seja, a operação minguou e não se ouviu mais falar nas ações nem nos resultados, enquanto mais um corpo foi cravejado de bala em via pública.

Não pode ser ignorado que o governo estadual havia anunciado quase um mês depois, no dia 26 de fevereiro, uma mega operação com o máximo de efetivo das forças estaduais para atuar durante o período carnavalesco. No entanto, isso não foi impedimento para os crimes em Boa Vista e no interior, além do grande número de furtos e assaltos com violência nos bairros mais afastados do Centro, onde a segurança esteve presente e prevaleceu.  

No geral, o cenário visto ao longo do feriadão carnavalesco mostrou, mais uma vez, que o crime segue organizado, enquanto as forças de segurança patinam em repetidos anúncios de operações que não mostraram resultado e que nunca se mantém efetivos, como política de governo. Agora, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o poder de polícia da Guarda Civil Municipal, quem sabe se torne um novo reforço para começar a reagir. Quem sabe! Porque, até aqui, só “operação enxuga gelo”.

*Colunista

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