Editorial
Uma máscara facial que o indivíduo coloca na hora de dormir é capaz de monitorar todos os sinais da pessoa ao descansar: movimento dos olhos, tensão muscular, ondas cerebrais, etc. Cada dado recolhido acaba sendo usado para otimizar o sono. Pulseiras inteligentes monitoram os movimentos dos donos, gerando insights sobre saúde. Sensores integrados a sistemas domésticos de refrigeração controlam a temperatura da casa, diminuindo o consumo ao receberem informações da previsão do tempo.
Estes e outros exemplos mostram como a Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things) evoluiu nos últimos anos. Agora, ela promete promover uma revolução também nos modelos de negócios. A explosão de conteúdo captado dos usuários, a velocidade vertiginosa e o acesso a insights sobre comportamento do consumidor, além de mudanças na usabilidade e a criação de conexão permanente trazida pela IoT prometem, ainda, reestruturar radicalmente os ambientes de negócios.
A Internet das Coisas não está mais nos primeiros passos e se torna cada vez mais promissora. De acordo com o IDC, o impacto da IoT será tamanho que este mercado deve movimentar cerca de US$ 7 bilhões no ano de 2020 somente no Brasil, um crescimento de 71% do mercado registrado em 2015. No mundo, de acordo com previsões do Gartner (uma das maiores empresas de consultoria do mundo), o impacto será ainda maior: até 2020, teremos 20,4 bilhões de coisas conectadas. Esta semana vamos falar sobre o que é a internet das coisas.
Fabiano de CristoConsultor [email protected]
INTERNET DAS COISAS – A 4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Consumidores ficam cada vez mais ávidos por aparelhos que trocam dados uns com os outros, os mercados se preparam, mas a pergunta que fica é: afinal, o que é a Internet das Coisas? Expressão cunhada pelo pesquisador britânico do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Kevin Ashton em 1999, ela diz respeito a um conceito tecnológico que descreve um ambiente no qual, todos os objetos da vida cotidiana estariam conectados à internet, agindo de modo inteligente e sensorial. Dentre suas aplicações, a troca de dados entre celulares, aparelhos de ar-condicionado, automóveis, sistemas elétricos domésticos etc.
Em entrevista ao site Zdnet, um dos mais importantes do segmento de tecnologia, Ashton disse que “a IoT promove a interligação da cultura humana – nossas ‘coisas’ – com a interconectividade do sistema de informação digital – a internet”. Ou seja, num primeiro momento, a IoT foi pensada para satisfazer às necessidades dos consumidores em estabelecer conexão com suas coisas. Mas isso mudou.
A revolução acontece, agora, dentro das empresas. Utilização de reconhecimento facial para acionamento de abertura de portas e fechaduras, edifícios inteligentes e todo um novo universo de oportunidades chega para provar que a IoT é mais do que conectar aparelhos – pode ser usada para automatização de atividades de empresas.
Segundo a Forbes, o ano de 2017 foi um marco para o avanço da IoT no mundo dos negócios e os números já apontam este caminho: chão de fábrica, transporte, logística e serviços públicos despontaram como os serviços líderes na adoção da internet das coisas e, até 2020, responderão por uma média de investimento de US$ 40 bilhões cada.
A explosão acontecerá porque o mercado já está entendendo que as possibilidades vão além da conexão entre aparelhos do dia a dia do usuário: a IoT permitirá a automação de máquinas industriais, meios de transporte e computadores. Ou seja, pode afetar quaisquer mercados.
As projeções indicam que 2018 será um divisor de águas para este segmento. O mesmo IDC diz que este ano os consumidores brasileiros gastarão cerca de US$ 612 milhões para comprar equipamentos conectados inteligentes, um crescimento de 43% em relação a 2017.
Estudos apontam que, até 2020, aproximadamente 21 bilhões de dispositivos estarão conectados à internet. Esses números já despertam o interesse de grandes e pequenas empresas de todos os setores. O que era até então interesse dos usuários para atividades cotidianas como acender e desligar lâmpadas domésticas se transformou, também, em um mercado interessante para a criação de soluções para as empresas.
Independente do segmento, a conclusão é que as empresas devem ter acesso a mais dados sobre seus próprios produtos e sistemas internos e uma maior agilidade para alterações, evitando retrabalhos e desperdício de tempo e recursos. Uma vez que a internet das coisas permite o acesso a uma quantidade até então impensável de dados sobre os usuários, adotá-la em conjunto com soluções de projeto centradas no ser humano, como Design Sprint e Lean, pode significar o desenvolvimento de aplicações certeiras para problemas específicos. Mais ainda: com o ganho adicional de testar as soluções enquanto são desenvolvidas.
O pulo do gato ao se aliar IoT e Design Thinkig é aprender – e ajustar – com a utilização concreta das aplicações, recolhendo os feedbacks de quem mais importa: quem usa. Com a chancela do usuário, a IoT deixa de ser promessa e se transforma em realidade. Pene nisso e até a próxima semana.
RESENHANDO
Já é possível encontrar no mercado empresas que estão trabalhando em seus próprios sistemas de internet das coisas, utilizando esses sistemas para melhorar suas operações internas, ou desenvolvendo e testando produtos com sistemas de IoT. A Samsung, por exemplo, já lançou geladeiras inteligentes com tela LCD capazes de reproduzir a tela do smartphone do usuário no refrigerador. Com isso, o usuário pode reproduzir vídeos e músicas, consultar a previsão do tempo e até mesmo fazer compras on-line enquanto verifica na geladeira os itens que precisam ser comprados. O refrigerador traz ainda um aplicativo chamado Epicurious, que permite a consulta de receitas on-line. A Nike e a Apple desenvolveram um sensor – que já está disponível no site da Apple –, para ser colocado embaixo da palmilha do tênis. Usando o smartphone ou Ipod, o corredor pode definir a distância que pretende correr, quantas calorias deseja perder, o seu trajeto e até mesmo uma lista de músicas para ouvir durante o seu exercício.