ALERTA AOS PAIS

Morte de criança por desafio no TikTok alerta para os perigos da exposição infantil nas redes

Especialista e polícia reforçam necessidade de supervisão parental; operação prende criminosos ligados a crimes contra menores online.

Segundo a polícia, celular da menina e laudo cadavérico apontaram relação de desafio com o óbito | Foto: Reprodução/Internet
Segundo a polícia, celular da menina e laudo cadavérico apontaram relação de desafio com o óbito | Foto: Reprodução/Internet

A morte da menina Sarah Raissa Pereira de Castro, de 8 anos, após supostamente participar de um desafio no TikTok que envolvia inalar desodorante aerossol, reacendeu o debate sobre os perigos da exposição desprotegida de crianças e adolescentes às redes sociais. O caso, ocorrido no Distrito Federal, está sendo investigado pela Polícia Civil, que busca identificar os responsáveis pela disseminação do desafio.

Sarah foi encontrada desacordada pelo avô, com os lábios e dedos roxos, e faleceu dias depois no hospital. Um caso semelhante foi registrado em Pernambuco em março, quando uma menina de 11 anos morreu após supostamente participar de um desafio semelhante.

Operação no RJ prende pessoas ligadas a desafios

Polícia Civil do Rio de Janeiro alertou que pelo menos 50 menores morreram nos últimos anos após serem induzidos a desafios perigosos em plataformas digitais. Na Operação Adolescência Segura, realizada em sete estados, foram presos dois adultos e apreendidos sete adolescentes ligados a uma organização criminosa que promovia crimes de ódio, automutilação e até suicídio em redes como Discord e Telegram.

O delegado Cristiano Maia, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), explicou à imprensa que os criminosos chantageavam menores com fotos íntimas e os forçavam a participar de desafios perigosos. “Eles se escondem atrás de nicknames, mas estamos provando que não são impunes”, afirmou.

Infância e vulnerabilidade na internet

psicóloga clínica Lauryjane Cunha explica que crianças e adolescentes são altamente suscetíveis a desafios nas redes devido a fatores psicológicos e sociais:

“O cérebro infantil e adolescente ainda está em desenvolvimento, especialmente o córtex pré-frontal, responsável pelo julgamento e controle de impulsos. Isso os torna mais propensos a buscar validação social e a imitar comportamentos arriscados, especialmente quando expostos a conteúdos virais. Além disso, a sensação de pertencimento a um grupo online pode levar a ações perigosas sem a devida reflexão sobre as consequências.”

Lauryjane também alerta para os perigos de permitir que crianças acessem redes sociais sem monitoramento.

“Muitos pais subestimam os riscos, mas plataformas como TikTok, Discord e Telegram podem expor crianças a conteúdos extremamente nocivos, desde desafios mortais até exploração sexual e discurso de ódio. O anonimato da internet facilita a ação de criminosos, que manipulam emocionalmente os menores.”

Estratégias para prevenção

A psicóloga recomenda estratégias para minimizar os riscos:

  1. Monitoramento ativo: Verificar regularmente o histórico de navegação e interações online.
  2. Limites de tempo: Estabelecer horários restritos para uso de redes sociais.
  3. Diálogo aberto: Conversar sobre os perigos da internet sem demonizar a tecnologia, mas ensinando discernimento.
  4. Ferramentas de controle parental: Usar aplicativos que bloqueiam conteúdos inadequados.
  5. Observar mudanças de comportamento: Isolamento, ansiedade ou interesse repentino em desafios podem ser sinais de alerta.

TikTok e a Responsabilidade das Plataformas

Embora o TikTok proíba menores de 13 anos e tenha políticas contra conteúdos perigosos, desafios arriscados ainda circulam. Especialistas defendem que as plataformas aumentem a moderação e que autoridades reforcem a legislação para coibir crimes digitais contra crianças.

Enquanto isso, casos como o de Sarah reforçam a urgência de conscientização sobre os riscos da exposição infantil desprotegida na internet.

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