Pais e Filhos

Psicóloga faz alerta do uso das novas tecnologias por adolescentes

Camila Barbosa (CRP-20/11627) afirma, que com as redes sociais o comportamento dos jovens e adolescentes mudou nos últimos anos

 (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
(Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A morte de um adolescente de 14 anos, e um processo que a mãe dele abriu contra uma empresa que cria chatbots chocou o mundo nos últimos dias. A queixa foi registrada na última terça-feira, 22, no Tribunal Federal da Flórida, nos Estados Unidos da América (EUA). O jovem cometeu suicídio em fevereiro deste ano e a investigação da morte levou à última conversa que ele teve com um ChatBot, que segundo a mãe dele na denúncia, o induzia ao ato.

O caso repercurtiu mundialmente e levantou a discussão sobre os cuidados com a utilização das redes sociais e as novas tecnologias por adolescentes. A FolhaBV conversou com a psicóloga Camila Barbosa (CRP-20/11627), que fez um alerta para a utilização desses serviços por adolescentes e também por idosos.

Camila afirma, que com as redes sociais o comportamento dos jovens e adolescentes mudou nos últimos anos. Um humor mais irritado, a falta de paciência com processos simples e a baixa autoestima são resultados da interação constante com as novas tecnologias.

“Com essas novas tecnologias você consegue se montar do jeito que você quer. Acaba que os adolescentes se iludem e pensam que a vida é do jeito que ela ver na tela. Aí acaba tendo problemas comportamentais, que afetam os estudos, o sono e a alimentação por ficar muito tempo no celular”, afirma a psicóloga.

Psicóloga Camila Barbosa, em entrevista à FolhaBV (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Um conselho que a psicóloga dá aos pais é a conversa e acolhimento aos filhos. Segundo Camila, só proibir ou confiscar o aparelho pode ter um efeito negativo no relacionamento da família, gerando mentiras e ações escondidas dos adolescentes.

“A melhor forma é manter o diálogo aberto com seu filho, explicar a situação. Tem muitos pais também que não entendem o perigo da internet. Como responsável por eles, o adulto deve impor alguns limites, além de conhecer os aplicativos que eles utilizam no celular e tudo isso só é possível por meio do diálogo”, explica a psicóloga.

Em fevereiro deste ano, a cidade de Nova York processou as empresas de redes sociais, como o Instagram e o Facebook, gerenciados pela Meta, e o Tiktok, da ByteDance, acusando elas de contribuírem com problemas de saúde mental em adolescentes.

Entenda o caso

Os chatbots são robôs que utilizam a Inteligência Artificial para simular conversas humanas. A empresa processada pela mãe do adolescente permite que os Character A.I., como foi nomeado pelos criadores, se passem por celebridades, personagens da cultura pop ou até mesmo anônimos. O adolescente uilizava o serviço para simular conversas com a protagonista da série Game Of Thrones, Daenerys Targaryen.

No processo, a mãe relata que o filho acabou criando uma “dependência prejudicial” no programa, que não queria mais “viver fora” do relacionamento fictício que ele criava. Desde 2023, o adolescente mantinha uma frequência de conversas com o chatbot, que iam desde conteúdos sexuais à mensagens vulneravelmente emocionais.

O adolescente cometeu suicídio em 28 de fevereiro, quando utilizou uma arma, encontrada na casa dos pais, para atirar contra si. No documento da denúncia, a mãe afirma que a ação ocorreu momentos depois de o filho trocar mensagens com o a I.A., que o induziu ao ato.

Nas mensagens incluídas no processo, o jovem prometia ao programa que voltaria para a sua suposta casa com Daenerys e disse que a amava. Em resposta, o robô correspondia as juras de amor e pediu que o menino fosse até ela o mais rápido possível. Na última mensagem enviada ao chatbot, o adolescente insinuou que poderia “voltar para casa” naquele momento. Em resposta, o chatbot pediu que “por favor” ele fizesse isso.

Na acusação contra os criadores do Character A.I., a mãe do adolescente alega que houve negligência e homicídio culposo por parte deles. Ao The New York Times, ela afirmou que o serviço foi “um grande experimento”, e que o que aconteceu com seu filho “foi um efeito colateral”, afirmou.

A empresa nega as acusações e prestou condolências à mãe do adolescente. Por conta da situação, novas medidas de segurança foram tomadas pela Character A.I., para interações com menores de idade.

Leandro de Sousa

Repórter

Repórter do jornal Folha de Boa Vista, com experiências como Social Media, edição de fotos e vídeos e produção de TV. Cursando o último semestre do curso de Jornalismo pela Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Repórter do jornal Folha de Boa Vista, com experiências como Social Media, edição de fotos e vídeos e produção de TV. Cursando o último semestre do curso de Jornalismo pela Universidade Federal de Roraima (UFRR).

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