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Saúde mental em 2025: desafios e soluções diante do uso excessivo das telas

Especialista fala sobre impactos das redes sociais e tecnologia na cognição e relações sociais.

O psicólogo Wagner Costa é especialista em psicologia positiva. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
O psicólogo Wagner Costa é especialista em psicologia positiva. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Nos últimos anos, a saúde mental tem se tornado um tema cada vez mais discutido, e em 2025 essa tendência deve se intensificar, especialmente devido às consequências do uso excessivo de telas digitais. O psicólogo Wagner Costa alerta que a sociedade está enfrentando novos desafios relacionados ao bem-estar emocional e cognitivo, sobretudo entre as novas gerações.

Impactos do uso excessivo das telas

De acordo com Costa, o uso excessivo de telas digitais está afetando a capacidade cognitiva e social das crianças e adolescentes. “O uso excessivo de telas digitais tem duas coisas que está criando: a diminuição de vocabulário nas novas gerações e a perda da capacidade de ler rostos”, destaca o psicólogo. Ele cita pesquisas que apontam para a queda do QI na atual geração, algo inédito na história recente.

Segundo o psiólogo, o exessivo de telas estárelacionado a perda de habilidades sociais e emocionais essenciais em crianças – Foto: Reprodução/Internet

A perda de vocabulário está diretamente ligada à dificuldade de expressão e compreensão dos sentimentos, prejudicando as relações interpessoais. “Quem não fala, não sabe que sentimento tem”, afirma Costa, destacando que as pessoas estão cada vez mais limitadas a emoções básicas, como alegria e tristeza, sem explorar o espectro completo dos sentimentos humanos.

Outro aspecto abordado é o impacto social do uso excessivo das telas. Segundo Costa, as crianças de hoje têm menos experiências de brincadeiras ao ar livre, o que compromete o desenvolvimento de habilidades sociais essenciais. “A criança que não brigou, não negociou, não brincou, terá dificuldades de relacionamento social no futuro”, ressalta. O resultado são jovens que não sabem lidar com frustrações e desafios da vida adulta.

Dependência de soluções imediatas

A tecnologia também tem contribuído para o imediatismo da sociedade, levando ao aumento no consumo de medicamentos como solução rápida para problemas emocionais. “As pessoas querem resolver tudo com medicação, diminuindo a presença nas terapias”, alerta Costa. Ele reforça que o cuidado com a saúde mental exige processos de longo prazo e investimento em relações sociais saudáveis.

Jogos que estimulam a cognição podem ser saídas para diminuir o tempo de exposição a telas – Foto: Reprodução/Internet

Costa sugere algumas estratégias para combater os efeitos negativos da tecnologia na saúde mental, como a participação em atividades que exijam foco e raciocínio, como jogos de lógica e a leitura. Ele cita como exemplo o Sudoku: “Esse jogo me ajuda a desenvolver foco, paciência e persistência, algo que é essencial para a saúde mental”.

Além disso, o psicólogo recomenda práticas que incentivem a convivência social, como atividades em família, leitura conjunta e a redução do tempo de tela. “Melhorar a convivência familiar é essencial para manter a saúde mental”, enfatiza.

Janeiro Branco

Durante o mês, a campanha Janeiro Branco teve um papel fundamental ao incentivar as pessoas a planejarem ações para cuidar da saúde mental ao longo do ano. “A ideia é estimular as pessoas a pensar: o que eu posso fazer durante o ano para melhorar minha saúde mental?”, explica Costa. Ele ressalta que pequenas mudanças no dia a dia, como reservar um tempo para hobbies e exercícios manuais, podem ter impactos positivos a longo prazo.

Para Costa, o desafio é encontrar um equilíbrio entre o uso da tecnologia e o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. “A tecnologia pode ser usada de forma positiva, mas é preciso encontrar o meio-termo”, conclui.

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