Cotidiano

‘Self service’ sente o peso da crise

Além da queda na clientela, restaurantes que vendem a quilo ainda encaram o aumento do preço de produtos do gênero alimentício

Com o aumento de preços dos alimentos, os restaurantes sentem os reflexos da crise financeira que afeta o País. Em Boa Vista, alguns estabelecimentos estão tentando manter os preços para não forçar ainda mais a queda no volume de clientes. “Quase todos os produtos utilizados sofreram aumento. Na feira, a caixa do tomate regional está sendo vendido a mais de R$ 100,00. O tomate paulista custa entre R$ 160,00 e R$ 250,00. Ou seja, hoje está um preço e no dia seguinte já vai estar o dobro, e por aí vai. E isso não se aplica só nos alimentos”, comentou Célia Queiroz, proprietária de um dos mais conhecidos restaurantes do Centro da Capital.

Ela disse que desde o ano passado o número de clientes que recorre às refeições fora de casa tem diminuído de forma assustadora. “Atualmente, o preço do quilo praticado aqui, no restaurante, é de R$ 43,50. Mas, por conta da crise, tivemos uma diminuição de 30% no volume de procura. A gente está segurando esse preço por conta da crise porque nem todo mundo está podendo gastar muito para poder comer fora”, afirmou.

Mesmo diante de prognósticos nada animadores, há quem diga que a crise ainda não afetou na procura por parte dos consumidores. Este é o caso de um restaurante localizado no bairro Aparecida, zona Norte. “Por incrível que pareça, a crise ainda não nos afetou de forma violenta. A gente atribui isso à qualidade e principalmente à praticidade desse tipo de estabelecimento. Hoje em dia, pela rotina das pessoas, é muito difícil você ir em casa apenas para almoçar. Ou seja, é mais prático e até mesmo menos dispendioso almoçar em restaurante. Como aqui a gente trabalha com buffet, é muito mais rápido do que fazer pedido. Você vem, escolhe o que quer consumir e volta a fazer as suas tarefas”, destacou o fiscal do supermercado Ismayloy Araújo.  

Pertencente a uma franquia local, o estabelecimento tem investido cada vez mais em opções para os consumidores, desde variações nos cardápios a música ambientes. Atualmente, o preço do quilo praticado pelo restaurante é de R$ 39,90.

“O restaurante vai completar três anos em 2016 e a procura sempre se manteve estável. Além da questão da climatização, a nossa opção de cardápio é bem variada. Nós oferecemos todas as refeições diárias, como café, almoço e jantar. Nos fins de semana, temos música ao vivo. Isso deixa o ambiente mais agradável. A gente até achava que poderia haver essa queda na procura, mas, por incrível que pareça, isso não ocorreu”, ressaltou.

Economista diz que comida a quilo pode ser vantajosa para trabalhador

Para o economista Erik Souza, apesar do atual quadro econômico do País, comer em restaurante que vendem comida a quilo, os “self service”, ainda é uma opção vantajosa para os consumidores boa-vistenses. “Nos restaurantes, eles produzem uma quantidade maior, podendo ofertar um preço menor. Se você compra aqueles produtos para fazer o consumo em casa, haverá o uso de uma série de mecanismos que acabam aumentando os custos. Mas é importante destacar que isso vai depender do número de pessoas que residem com você”, explicou.

Apesar disso, o especialista ressalta que a pesquisa de preço ainda é a melhor arma para o consumidor economizar. “Vale frisar que, tanto na questão dos restaurantes quanto nos supermercados, o ideal sempre é fazer uma pesquisa de preços. Existem produtos em supermercados de bairros nobres sendo vendidos a um preço, e o mesmo produto em um mercado de bairro de periférico com preço mais em conta. Nesse caso, vale a pena gastar um pouquinho mais com gasolina, mas haverá uma economia nos gastos com alimentação em casa”, complementou.

Para quem tem rotina agitada, os restaurantes são a salvação para o dia a dia. Esse é o caso de Ana Portela, 22 anos. Estudante universitária, ela disse que diariamente precisa conciliar os estudos com o estágio, o que a impede muitas vezes de voltar para casa. “Como a empresa onde eu faço estágio é bem perto, o restaurante passa a ser uma opção muito prática. Aqui o preço é em conta, praticamente a metade do que eu gastava com condução”, destacou.