O pensamento de ‘venezuelanos tomarão nossas vagas’ parece ter tomado conta do imaginário coletivo roraimense, causando questionamentos e dividindo opiniões, após a divulgação feita pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), de que vagas ociosas para graduação serão ofertadas a refugiados a partir de janeiro do ano que vem.
A polêmica em torno dessa novidade repercutiu tanto, que uma coletiva foi realizada na manhã de ontem, 17, para que esclarecimentos pudessem ser feitos. De antemão, o reitor em exercício da UFRR, professor Américo Lyra, deixou claro que não haverá uma segregação entre vagas destinadas a brasileiros e venezuelanos, mas sim uma oportunidade para os refugiados ingressarem na universidade caso haja alunos desistentes de seus cursos antes das aulas começarem.
“Os brasileiros não serão prejudicados. Não estamos dando vantagens indevidas a venezuelanos, ao contrário do que muito tem se comentado. Primeiramente, as vagas não serão para qualquer venezuelano, mas sim para quem está na condição de refugiado, reconhecido pela Polícia Federal. Segundo, que estamos falando de vagas ociosas, ou seja, de vestibulandos que acabaram desistindo do curso no período de matrícula”, afirmou.
O reitor em exercício também destacou que o certame para refugiados irá ocorrer somente para cursos que estiverem com vagas sobrando após desistências de vestibulandos. Ou seja, não serão ofertadas novas vagas. Apenas aquelas que foram abandonadas.
“Se, por exemplo, duas pessoas que passaram em Relações Internacionais resolvem abandonar o curso, sem realizar a matrícula, as vagas dessas pessoas serão ofertadas para os imigrantes. Entretanto, ele irá precisar do documento do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) para que sua condição de refugiado seja comprovada e, daí sim, possa participar da disputa para ingressar na universidade”, frisou.
Só neste ano, 247 vagas em 36 cursos acabaram ociosas na UFRR. O curso com mais desistências é o de Ciências Econômicas, com 15. Outros mais disputados, como Direito, Arquitetura e Engenharia Civil, também apresentam números significativos, com seis, dez e sete abandonos, respectivamente.
Em relação ao certame para refugiados em si, os candidatos deverão indicar o curso disponível que gostariam de fazer logo na inscrição. Em caso de imigrantes que estejam em situação de vulnerabilidade, ou seja, sem moradia, deverá ser apresentada uma declaração que o coloque como residente permanente do Brasil.
Os inscritos passarão por um processo de seleção dividido em duas etapas. A primeira será uma redação em língua portuguesa para avaliar a capacidade de compreensão e interpretação do idioma do concorrente. A segunda será uma avaliação de conhecimentos específicos, levando em consideração o curso escolhido. Ao ser matriculado, o refugiado deverá cursar uma disciplina de português instrumental, ou equivalente, por pelo menos um semestre. (P.B)
Inscrições para o Vestibular 2019 começam dia 6 de agosto
O período de inscrição do vestibular 2019 da Universidade Federal também foi anunciado: de 6 de agosto a 6 de setembro, com disponibilidade de 811 vagas para 38 cursos de bacharelado e licenciatura.
A novidade deste ano, segundo o presidente da Comissão Permanente de Vestibular (CPV), professor Antônio Giocondi, é a transferência do início das aulas de alguns cursos de segundo semestre do ano para o primeiro. Comunicação Social, Zootecnia e Geografia foram contemplados com a mudança.
“Alguns cursos estavam obtendo um número grande de desistências, por que o ingresso era somente no segundo semestre do ano. Isso ocorre porque o vestibulando comemora a sua vitória após a liberação do resultado, mas fica desanimado pela espera e ociosidade, e desiste. Com essa mudança, queremos que os novos alunos canalizem suas energias de quem é novo estudante da universidade já apresentando conteúdos no primeiro semestre do ano”, contou.
O valor da taxa de inscrição será de R$ 100,00 para a prova integral e Processo Seletivo Seriado (PSS) 3. Para o PSS 1, o valor será de R$ 70,00 e R$ 80,00 para o PSS 2. A prova será aplicada no último domingo de novembro, dia 25. (P.B)
Enchentes fazem cronograma do Vestibular Indígena 2019 ser alterado
O processo seletivo para indígenas com ingresso em 2019 estava previsto para ocorrer no domingo passado, 15. Entretanto, devido às enchentes ocasionadas pelo atual período chuvoso, muitas comunidades no Estado acabaram ilhadas, impedindo que boa parte dos inscritos pudesse se deslocar para participar do certame.
Devido a essa situação, o Ministério Público Federal recomendou que a data da aplicação da prova fosse alterada de acordo com reunião junto a lideranças indígenas do Estado. Segundo o presidente da CPV, a prova deverá ser realizada em setembro.
“Já mandamos nossa solicitação de reunião para o Instituto Insikiran, que está entrando em contato com as lideranças. Nós não podemos falar em uma data precisa, pois o assunto ainda precisa ser debatido. Mas acreditamos que setembro seja um mês apropriado, por ser logo após o período de inverno”, comentou Antônio Giocondi. (P.B)