A Universidade Federal de Roraima completou nesta semana 29 anos. Entretanto, a sua comemoração será hoje, 13, a partir das 18 horas, com uma série de atrações culturais gratuitas no Centro Amazônico de Fronteira (CAF), situado na entrada principal do campus Paricarana.
Sobre o aniversário da instituição, o reitor da UFRR, professor Jefferson Fernandes, apontou que o principal motivo para comemoração é o papel da universidade de abranger alunos de todas as classes sociais e origens, trazendo uma miscigenação cultural, que, na sua visão, enriquece o conhecimento dos estudantes.
“A Universidade tem o que comemorar principalmente em sua diversidade. Nós recebemos alunos de todas as classes sociais e estamos abertos para quaisquer nacionalidades. Além de, claro, os indígenas, os alunos do Colégio Aplicação e da Escola Agrotécnica. Isso mostra que a Federal é um lugar para todos que estejam interessados no mundo acadêmico”, avaliou.
O anúncio da oferta de vagas remanescentes para refugiados venezuelanos, já a partir do ano que vem, causou grande polêmica. Diante disso, o reitor reforçou que houve um equívoco social quanto à proposta da oferta de vagas para imigrantes, com muitos acreditando que elas estariam sendo ‘roubadas’ ou ofertadas de forma extra.
“No início, quando anunciamos que acolheremos os imigrantes, a sociedade não compreendeu muito bem a proposta e nos criticou ferrenhamente. Eu reafirmo. Venezuelanos não tirarão vagas de brasileiros em cursos, e não estaremos criando vagas novas. Estamos falando de vagas que acabam sobrando por causa de vestibulandos que desistem de fazer matrícula. E essas vagas que sobram custam caro para nós. Então o que queremos é justamente economizar e aproveitar para dar essa oportunidade aos refugiados”, frisou.
Jefferson também destacou que negar a oferta de vagas remanescentes aos imigrantes seria contradizer os princípios da universidade e que a ideia de acolhimento da UFRR já está ganhando destaque internacional.
“Essa crise migratória é um problema federal. E nós, como universidade, somos dessa esfera. Então seria uma omissão gravíssima virarmos as costas para essa situação, pois estaríamos negando o nosso próprio princípio de estar aberto a todos, principalmente àqueles que não podem arcar por um ensino privado. Hoje, essa atitude vem sendo reconhecida internacionalmente. Temos professores sendo convidados para dar palestras em outros países e participando de fóruns internacionais para falar dessa proposta, que para outros países é de grande interesse conhecer”, afirmou.
Sobre melhorias para o futuro, Jefferson destacou que, apesar dos cortes de gastos que universidades em todo o Brasil vêm sofrendo, a UFRR tenta se virar para que invista em áreas e cursos que, no momento, estão mais prejudicados.
“Não me preocupo com expansão de prédios. O que quero mesmo é trabalhar com a funcionalidade dos blocos, a eficiência deles. O recurso federal infelizmente achatou, mas queremos focar investimentos no aluno. Cobrar melhor capacitação de professores, trabalhar o controle daquilo que podemos ser mais eficiente em meio ao corte de gastos, como o caso da segurança, focar em cursos que possuam menores notas no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), para entender o que precisa ser melhorado… As metas são várias e não podemos deixar a UFRR estagnada independente de seu orçamento”, concluiu.
Confira a programação de aniversário
A programação iniciará com performance do Coral Madrigal da UFRR. Em seguida, haverá shows dos cantores Ricardo Nogueira, que participou do evento de 25 anos da universidade, e Joemir Guimarães. A banda Paricarana, composta por estudantes da UFRR, será a última atração da noite.
No intervalo das apresentações, CDs de artistas locais e do Festival Canto Forte, que é fruto de projeto cultural de Joemir Guimarães, serão sorteados.
No hall do CAF terá a exposição “Memórias do Lavrado”, dos irmãos artistas plásticos Edinel Pereira e Ednelson Makuxi. A proposta da amostra é misturar pintura com literatura para exaltação da cultura roraimense.
Atualmente, a UFRR conta com uma média de 600 professores e 10 mil alunos, desses, 8 mil estão fazendo bacharelado ou licenciatura. Mais de 1.100 indígenas estão cursando regularmente cursos de graduação. Ao todo, a universidade conta com 43 cursos de graduação, 14 mestrados e 4 doutorados. Além do colégio Aplicação, para ensino fundamental, e a Escola Agrotécnica, para ensino médio. (P.B)