Cotidiano

14 municípios não concluíram planos de saneamento básico

O prazo determinado pelo Decreto 8.629/15 findou no mês passado e, com isso, os municípios podem deixar de receber recursos federais

Dados do Conselho Estadual das Cidades (Consec) apontam que a grande maioria dos municípios roraimenses não concluiu a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). A data limite estabelecida pelo Decreto Federal 8.629/15 terminou no fim do mês passado e essas cidades podem ficar impedidas de receber recursos federais para a área de saúde para este ano. 

Conforme o Consec, apenas Boa Vista conseguiu cumprir o prazo estabelecido pela União, restando apenas executar o processo referente à implantação do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), que atualmente está em fase de licitação.

“Em 2017, o Município consolidou o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. A Prefeitura de Boa Vista mobilizou toda a sociedade para participar das audiências públicas promovidas ao longo do ano. As discussões serviram de contribuição para a efetivação do Plano”, informou a Administração Municipal em nota.

Entre as propostas inseridas no plano, segundo a Prefeitura de Boa Vista, estão a extinção do lixão público e a construção de um novo aterro sanitário na capital, além da implantação da coleta seletiva no município. Também está no projeto a inclusão social de catadores de lixo e a instalação de ecopontos para entrega voluntária de resíduos recicláveis pela população.

A Folha procurou a Administração Municipal para saber quando deverá encerrar os processos licitatórios para a execução das medidas propostas pelo PMGIRS, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria, às 18 horas. (M.L)

Caerr diz que mais da metade dos bairros de Boa Vista conta com tratamento de esgoto

De acordo com a Lei Federal 11.445/07, a gestão dos Planos Municipais de Saneamento Básico fica a cargo das prefeituras de cada município, mas há casos em que o Estado é responsável pela execução de ações específicas.

No caso de Roraima, segundo a Prefeitura de Boa Vista, os serviços de saneamento na capital foram concedidos para o Governo do Estado há mais de 20 anos.

Questionada, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) esclareceu que, de acordo com a legislação, a implementação de saneamento básico envolve quatro pilares (abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto sanitário, destinação correta dos resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais) e que todos eles são cumpridos pelo Estado.

“No que se refere aos pilares abastecimento de água e a rede de esgoto, a Companhia ressalta que fez parte do processo de construção do plano de saneamento básico municipal de Boa Vista e que tem realizado os serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto na capital, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela legislação”, ressaltou em nota.

A Companhia de Águas e Esgotos reforçou ainda que 64% dos bairros de Boa Vista contam com coleta e tratamento de esgoto sanitário e 98% com abastecimento de água.

Saneamento básico é item primordial para a qualidade de vida das pessoas

Caracterizada pelo conjunto de medidas que visa assegurar a preservação das condições do meio ambiente, o saneamento básico é item primordial para a qualidade de vida da população.

Com a implantação da Lei 11.445/07, que estabeleceu novas diretrizes para a prestação de serviços de saneamento no país, os gestores públicos ficaram encarregados de cumprir uma série de medidas, dentre elas a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB).

Com a aplicação do Decreto 8.629/15, que determinou o dia 31 de dezembro de 2017 como a data limite para o término da elaboração do plano, os municípios brasileiros em pendência deixam automaticamente de ter acesso a recursos orçamentários da União ou financiamentos da administração pública federal.

APOIO – Para que nenhum município ficasse penalizado com o bloqueio no repasse de recursos, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) firmou um Termo de Execução Descentralizada (TED) para auxiliar as cidades do Estado na construção de seus PMSBs. Os municípios contaram, inclusive, com o suporte da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Para todo o processo, segundo a instituição, foram utilizados cerca de R$ 2 milhões. Os recursos foram empregados nos trâmites relacionados aos custeios da parte técnica da UFRR, deslocamento das equipes às localidades e a divulgação do plano, além da capacitação dos técnicos de cada prefeitura.

No mesmo período, o Ministério Público de Roraima (MPRR) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com os gestores de Cantá, Caracaraí, Iracema, Normandia, São Luiz, São João da Baliza e Uiramutã. O acordo também contou com as assinaturas da Funasa, UFRR e Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr).

No documento, os municípios assumiram o compromisso de elaborar os planos de saneamento básico até o fim do ano passado, a fim de minimizar os problemas crônicos que colocam em risco a saúde da população. Entretanto, nenhum deles conseguiu cumprir o prazo, segundo informou à época a coordenação de convênios da UFRR. (M.L)