ANA GABRIELA GOMES
Editoria de Cidade
Muito se ouve e lê, principalmente em redes sociais, sobre a baixa pressão de água, e às vezes falta, em residências de diversos bairros de Boa Vista. Em contrapartida, pouco se sabe sobre a causa desses problemas. Na verdade, pouco se sabia. Além do aumento de 30% na demanda de produção de água, causada também pela imigração, cerca de 45 mil residências da capital não possuem hidrômetros.
Das quase 115 mil unidades consumidoras localizadas Boa Vista, 40% não possuem o aparelho que, além de medir e registrar o volume de água fornecido ao imóvel, permite ao consumidor ter melhor controle do consumo e, consequentemente, do desperdício. Desperdício esse que, junto a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), se torna demanda.
O presidente da empresa, James Serrador, esclareceu que este é um dos motivos para os episódios que vêm atormentando a população. “É uma irresponsabilidade de gestões anteriores que não se deram o trabalho de, efetivamente, medir o consumo, inibir o desperdício e cobrar pela produção. Quando você não mede a água, você propicia o desperdício”, disse.
Outro fator que influencia a baixa pressão de água nos bairros são os chamados pontos críticos, sendo os principais o Conjunto Pérola, a Cidade Universitária e os bairros Cidade Satélite, São Bento e 13 de setembro. Apesar de relativamente distantes um do outro, o que eles têm em comum é a falta de planejamento de abastecimento. Por exemplo: as cinco mil casas construídas no Conjunto Pérola são atendidas por um único poço artesiano.
A localidade ainda é abastecida pelo Centro de Reservação e Distribuição (CRD) do Raiar do Sol. Contudo, na avaliação do presidente, seriam necessários, pelo menos, mais dois poços para atender a localidade. “É a falta de planejamentos de gestões anteriores e do Governo Federal, que foi quem construiu”, informou. Na Cidade Universitária, próximo à faculdade Estácio, o problema da baixa pressão d’água ocorre devido a própria tubulação.
Por se tratar de um empreendimento privado, Serrador lembrou que a Caer entregou uma carta de viabilidade técnica ao responsável, que informava a necessidade de uma rede primária de 150 milímetros. Ao invés disso, foi construída uma rede de 60 milímetros. Os moradores mais atingidos, de acordo com Serrador, são os residentes da área mais elevada do bairro.
No São Bento, além dos dois poços artesianos já escavados, serão necessários mais dois. Assim como nos demais bairros, o problema de pressão se agrava durante os horários de pico. Outro agravante na localidade é uma invasão chamada Nova Vida, que está localizada em área de proteção ambiental. A baixa pressão também foi constatada pela Caer no Cinturão Verde, Cruviana, Equatorial, Santa Luzia e 13 de Setembro.
No Cidade Satélite, o problema é geral. Como a água que abastece o bairro sai do São Pedro para ser reservada e distribuída no CRD Caranã, a pressão se torna cada vez mais fraca até chegar a região. Neste caso, diferente dos demais bairros citados, o presidente relatou que a solução será a inauguração do CRD Cidade Satélite, prevista para ocorrer até a primeira quinzena de março.
SOLUÇÕES – O presidente da Caer relatou que a maioria dos problemas será resolvido com a perfuração de mais 50 poços artesianos. A licitação para a perfuração ocorre nesta sexta-feira, 14. Em relação aos hidrômetros, está em andamento uma licitação para a compra de 45 mil aparelhos.
WHATSAPP – Serrador destacou que a população deve entrar em contato com a Caer para detalhar os problemas por meio do WhatsApp 98404-5313. Na mensagem, o consumidor deve informar também o nome da rua, o número da residência e, se possível, a matrícula. “Temos rondas que estão se dirigindo aos locais para resolver a situação descrita. Qualquer pessoa pode mandar mensagem para o whats da Caer que estaremos com uma equipe pronta para atender”, finalizou.