AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Os hidrômetros, aqueles medidores do uso de água de casas e estabelecimentos, tem se tornado o novo objeto alvo de furtos na capital. Somente no primeiro mês de 2020, 50 casos do crime previsto no artigo 155 do código penal foram registrados. Já durante todo o ano de 2019, cerca de 500 Boletins de Ocorrência relatam os crimes. Os bairros com maior incidência de casos são o São Vicente, na zona sul de Boa Vista, Pricumã e Cinturão Verde, na zona oeste da capital.
A titular da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (DRCAP), Magnólia Soares, relata que, geralmente, os furtos ocorrem em momento em que o morador não está em casa, ou durante a madrugada, o que torna complicado o flagrante.
“Quanto ao crime de recepção, a gente vem fazendo um levantamento dos bairros com maior incidência, dos possíveis locais de compra desses equipamentos furtados, até para irmos atrás do receptador. Não que estejamos deixando a busca pelo infrator principal de lado, principalmente quando há imagens de câmera que possibilitem a identificação”, declarou Magnólia.
Por conta desse alto número de ocorrências, a DRCAP tem feito parcerias com a Companhia de Água e Esgotos de Roraima (Caer) para verificar não só os furtos de hidrômetro, mas também o crime de desvio de água, conhecido como gato. Nesse momento, estão sendo feitos ajustes da cooperação técnica entre as duas instituições governamentais, no que diz respeito ao papel de cada um nesse acordo, dentro de suas especificidades.
“Eles atuando como fiscais do lado de lá e nós operando o trabalho de localização do infrator e pedido de laudos. A gente precisa desse apoio conjunto e ninguém melhor do que a Caer para detectar possíveis fraudes”, acrescentou.
A investigação tem início após a denúncia e, em suma maioria, os alvos das detenções são os receptadores, enquadrados no artigo 180 do código penal. Magnólia relata que o crime ocorre por conta de uma peça de cobre presente composição do hidrômetro, que pode ser utilizado em várias atividades, inclusive em oficinas e ferros-velhos, onde já houve trabalhos de investigação.
“Então a gente chama atenção da população quanto a isso, porque quem compra está alimentando esse tipo de conduta e pode ser na casa de quem está comprando o furto de amanhã”, recomendou.
Por fim, a delegada orientou a quem for vítima do crime que procure as delegacias da capital para registrar o B.O. ou faça virtualmente pelo site da Polícia Civil, que é o http://www.delegaciaonline.rr.gov.br/.
Caer teve quase R$ 15 mil de prejuízos somente esse mês
O representante da Caer, Gabriel Mota, falando brevemente acerca dos furtos dos medidores de água (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)
Com o furto dos medidores de água, a Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caer) tem acumulado prejuízos. De acordo com informações da empresa, o deficit é de R$ 14.629,54 somente no mês de janeiro desse ano. Em 2019, os valores chegaram a R$ 132.419,96.
O diretor de tecnologia e gestão do sistema de água, Gabriel Mota, reconheceu os danos causados à estatal, por conta desses atos criminosos, e recomenda que aqueles que tiveram seus hidrômetros furtados devem procurar a Caer, até para a empresa ter ciência desses dados. “Com isso, saberemos onde está sendo a maior incidência dessas situações”, acrescentou Mota.
O serviço de reposição do medidor retirado é feito gratuitamente pela Caer, perante apresentação do B.O. “Tendo o boletim apresentado, os técnicos da empresa vão até o local e colocam outro aparelho no local, mas essa troca só é feita se for apresentado esse documento”, destacou.
Mota pede à população que, caso a parte prejudicada tenha provas do momento do crime, que encaminhe a Caer ou entre em contato com a empresa, a fim de evitar mais prejuízos.
“Sem contar o problema que o morador tem, que às vezes acha que a água foi cortada ou falta água no bairro e o que ocorre é o furto desse aparelho”, finalizou o diretor.